Não posso culpá-lo por isso. Até eu fiz o meu cadastro na Cloubhouse e estou esperando por um convite na plataforma. Porém, eu, você e metade da torcida do Flamengo precisam ter os cuidados com as questões de privacidade.
E a Clubhouse tem sim um problema de privacidade que pode ser enorme, dependendo do país onde você vive: o governo chinês pode sim acessar os dados dos seus usuários.
E a gente já sabe o que isso pode significar… não é mesmo, TikTok?
A brecha na privacidade da Clubhouse
Quem descobriu essa brecha foi um grupo de investigadores do Observatório de Internet de Starnford, onde a infraestrutura de áudio e vídeo em tempo real pertence a uma empresa chinesa, que compila pacotes com metadados dos usuários, identificando cada um deles com informações privadas.
Tais dados não estão encriptados, e qualquer um pode ter acesso a essa informação, identificando quais usuários estão envolvidos nessa conversa ou dentro de um mesmo canal. Nem mesmo os arquivos de áudio são protegidos, e podem ser analisados, transcritos e armazenados em qualquer lugar.
Tudo isso é importante porque os responsáveis pela Clubhouse devem cumprir a lei de segurança de dados da China, oferecendo ao governo chinês todo e qualquer dado que ele solicitar.
Percebeu a gravidade da situação?
Todo cuidado é pouco com a Clubhouse
Eu sei que você é uma das pessoas que querem utilizar a Clubhouse o quanto antes, mas é melhor prevenir do que remediar. Quem sabe esperar um pouco para ver se os responsáveis pela plataforma melhoram esse aspecto do aplicativo.
Até o momento, a empresa responsável pela Clubhouse não se manifestou sobre a investigação, mas reforça que não acessa os dados dos usuários, e que não facilita o acesso dessas informações para terceiros.
Já a Clubhouse em si informa que vai analisar todos os dados revelados, e se compromete a melhorar a privacidade da rede social, implementando mudanças para agregar recursos de encriptação e bloqueios adicionais para evitar a transmissão de pings para os servidores chineses.
O histórico recente com o TikTok mostra que tais questões são bem delicadas para que uma plataforma continue a funcionar sem maiores problemas ao redor do mundo. O que complica no caso da Clubhouse é que esta plataforma não nasceu na China, e precisa se distanciar o quanto antes de toda essa polêmica.
Por fim, se eu puder dar um conselho para o amigo leitor, este conselho é: todo cuidado é pouco com o Clubhouse. Sou contra as pessoas terem pré-conceitos com o novo e o desconhecido, mas neste caso, desconfie: todo mundo sabe que não existe almoço grátis na internet, e a grande moeda de troca está nos dados dos usuários.
Via The Verge, Stanford Internet Observatory