Ou estamos solitários demais, ou as pessoas estão realmente dando usos mais criativos para a Inteligência Artificial do que simplesmente criar receitas inusitadas com as sobras da geladeira, ou imagens de celebridades em cenários surreais.
A leitura de livros pode se tornar uma experiência mais interessante com a ajuda de inteligência artificial, permitindo aos leitores investigar mais sobre dados ou detalhes específicos encontrados no texto.
O uso de dispositivos móveis para pesquisar informações durante a leitura é comum, e agora a IA pode ampliar essa prática, atuando como uma espécie de “membro do Clube do Livro virtual”.
Neste artigo, mostro como essa prática está funcionando para algumas pessoas.
Andrej Karpathy, e o conceito de “Leia Livros Juntos”
Andrej Karpathy, ex-diretor de IA da Tesla, apresentou ao mundo recentemente a ideia de usar modelos de linguagem como o ChatGPT para “ler livros juntos”.
Ele sugere que, enquanto lê, um leitor pode fazer perguntas sobre partes do livro ao chatbot, ampliando o entendimento ou explorando temas de interesse, o que pode ser útil para esclarecer dúvidas ou expandir conhecimentos relacionados ao texto.
É o que basicamente acontece nos “Clubes de Livros” que temos no mundo real. Ler em grupo e, de preferência, acompanhados por especialistas no assunto pode expandir a visão objetiva sobre a obra literária que o grupo está consumindo em um determinado mês.
Mesmo porque nem todo mundo consegue compreender as palavras mais rebuscadas de um determinado autor, ou uma narrativa é profunda demais, o que pede uma maior reflexão para absorção do conteúdo.
Isso está funcionando?
Neste momento, a integração de tecnologias como o ChatGPT na leitura é definida como “artesanal”.
O problema principal é o limite da janela de contexto dos chatbots, que não permite a inserção de um livro completo para análise. Isso força os usuários a trabalhar com trechos do texto, o que pode ser incômodo.
Patrick Collison, do Stripe, também expressou interesse nessa função, mas destacou a necessidade de uma melhor experiência do usuário para que essa solução se torne algo viável e acessível para todos.
Há expectativas de que a experiência de leitura assistida por IA será aprimorada. A ideia de poder comprar um livro e interagir com ele via chatbot está se tornando uma realidade prática, com várias iniciativas aparecendo pelas mãos de diferentes empresas.
Por exemplo, a Amazon, líder em e-readers, poderia estar desenvolvendo algo assim para seus Kindles, melhorando a experiência de leitura com a tecnologia de IA.
Já a empresa por trás do tablet Daylight com tecnologia LivePaper está trabalhando em um sistema chamado “Leitura da IA”. O recurso permite aos usuários fazer perguntas sobre o livro que estão lendo diretamente no dispositivo.
A expectativa é que este recurso esteja disponível a partir de dezembro de 2024, oferecendo uma nova forma de interação com a leitura, principalmente para aqueles mais solitários, ou que são introvertidos demais para interagir em grupo.
IA como Clube do Livro: é possível?
Já está acontecendo.
Utilizar uma Inteligência Artificial para complementar o entendimento da leitura pode transformar a experiência individual e coletiva em diferentes níveis.
Uma plataforma específica que utiliza assistentes de IA para esclarecer dúvidas e fornecer mais informações sobre as obras, que permite que os leitores explorem de forma mais profunda a discussão sobre os livros seria algo realmente muito interessante.
Poderia até estimular hábitos de leitura em pessoas que estão antenadas em novas tecnologias, mas que não se interessam em ler absolutamente nada que tenha mais de três linhas.
Este é mais um exemplo de como a IA pode ir além de meros assistentes pessoais. É uma prova que um chatbot pode também se tornar uma ferramenta educacional e social.