Vamos falar de uma coisa que é muito importante para mim: o meu dinheiro. E para você também. Não o meu dinheiro. O seu dinheiro. Bom, você entendeu o que eu quis dizer.
Quando compramos um novo smartphone, é natural desejar que ele dure o máximo possível. Você pagou caro por esse dispositivo (em muitos casos, parcelando em 24 vezes nas Casas Bahia), e da mesma forma que você faz com o seu carro, espera que o dispositivo funcione bem por pelo menos cinco anos.
Isso até que é possível, por mais que os fabricantes afirmem que não, na insistência em nos empurrar uma obsolescência programada nefasta. Porém, você não pode negligenciar os fatores que realmente influenciam a longevidade do dispositivo.
Chegou a hora de ter essa conversa.
Priorizar o que realmente importa
Cuidar do seu smartphone não é o suficiente para que ele permaneça funcionando bem por quatro ou cinco anos. E antes de considerar as marcas e modelos que entregam essa longevidade, olhe para dentro de você e faça uma autoanálise.
Será que você adota um comportamento de uso compatível com alguém que merece ter o smartphone funcionando por quatro ou cinco anos? Ou você só se importa em viver o hoje, não investe na proteção do dispositivo e tem um comportamento destrutivo com o pobre coitado do telefone?
Mesmo que você coloque dinheiro com cases protetores caros e abra mão do tempo no pagode para deixar o telefone impecavelmente limpo, isso não é o suficiente para prolongar a vida útil do smartphone além de sua expectativa de uso. Mas são essas medidas que ajudam o dispositivo a alcançar esse tempo maior de funcionamento sem maiores problemas.
Então, procure ter um cuidado maior com o caro smartphone que você tem nas mãos. O dinheiro não dá em árvore, e você não está me dando o seu dinheiro para que eu dê esses conselhos. Tudo isso está chegando até você de graça. Logo, valorize o tempo que estou investindo em te ajudar.
De qualquer forma, existem pelo menos três aspectos fundamentais que desempenham um papel crucial no tempo que o seu smartphone vai durar funcionando com você sem problemas. E a partir de agora, você vai compreender melhor como funciona essa santíssima trindade da longevidade nos dispositivos móveis.
Atualizações: a primeira pedra angular
Isso aqui é tão importante, que deveria virar lei constitucional.
A grande maioria dos usuários concentra atenção, tempo de pesquisa, esforços e dinheiro nas especificações de hardware, negligenciando o sistema operacional. E o software é tão ou até mais relevante para a longevidade de um telefone nos dias de hoje.
Um smartphone que não recebe atualizações está sujeito a falhas de funcionamento, brechas de segurança e ameaças cibernéticas. Além disso, ele não receberá novos recursos e funcionalidades à medida que o tempo passa.
Na prática, sem as atualizações, o seu caro smartphone pode se tornar um peso de papel inútil, pois você não vai querer expor os seus dados para criminosos cibernéticos. Já pensou, dona Dulce? Aquele nudes que você mandou para o estudante de medicina veterinária que você conheceu no Tinder, caindo na internet para os amigos do seu neto ver?
Independentemente de você optar por um dispositivo Android ou iOS (iPhone), cada fabricante oferece um prazo específico de atualizações. Isso varia de acordo com a faixa de preço do modelo. Para aqueles que buscam a máxima durabilidade, recomenda-se considerar dispositivos como o Pixel 8 ou o iPhone 15, que prometem sete e até oito anos de atualizações, respectivamente.
Modelos menos caros e de linha média, como são os casos do Xiaomi 13T ou do Samsung Galaxy A54 5G, oferecem quatro anos de atualizações, o que é uma janela de tempo respeitável.
Sempre dê preferência por marcas e modelos que vão oferecer o maior suporte possível para as atualizações de software. Essa é uma das formas mais eficientes para você valorizar o seu investimento no dispositivo.
Materiais de construção: a base da resistência
Há quem dê grande importância ao design do smartphone, e eu entendo essas pessoas. Afinal de contas, ninguém deseja um telefone feio nas mãos, pois não dá para suportar o julgamento de parentes.
Mas em alguns casos, a estética deve ser sacrificada em prol da longevidade, pois – repito – o seu dinheiro merece respeito. Dispositivos construídos com a durabilidade em mente são projetados para resistir a quedas, impactos e arranhões.
Smartphones mais resistentes (e mais feios em alguns casos) são uma escolha popular para pessoas que trabalham em ambientes de risco ou mais propensos aos acidentes, como construção civil, esportes extremos, áreas de resgate ou cenários perigosos.
E você nem precisa ter esse dispositivo como o seu principal. Ele pode ser o seu telefone secundário apenas para essas situações. Em locais com condições normais de temperatura e pressão, use o seu smartphone bonitinho e frágil que você sempre quis.
Marcas como a DOOGEE oferecem smartphones resistentes e populares nesse segmento, mas normalmente são modelos que abrem mão das melhores especificações técnicas e na beleza do design na maioria dos modelos.
Estes aparelhos geralmente possuem baterias e características de construção robustas, mas com processadores menos potentes e atualizações menos frequentes do sistema operacional. E são (obviamente) mais resistentes que o iPhone 15 Pro Max, que é “pintado” de titânio nas laterais e são mais frágeis que sua personalidade diante de um debate sobre filosofia política neoliberal vs distribuição de renda justa.
E você não está preparado para essa conversa.
Mas isso não quer dizer que não existem smartphones premium que são resistentes e de longa duração. Para identificar esses (poucos) modelos, é só procurar pelos telefones que não são construídos em plástico, um material que é comum em aparelhos de entrada e linha média.
Muitos modelos tops de linha utilizam materiais como alumínio, couro vegano e até vidro reforçado para oferecer uma proteção um pouco mais duradoura. Certifique-se também de que o smartphone que você vai escolher possui uma tela protegida por vidro Corning Gorilla Glass Victus.
Porém, repito: tome cuidado com o iPhone 15 Pro Max, pois sua traseira de vidro está quebrando com relativa facilidade. Procure por vídeos no YouTube que mostram melhor o que está acontecendo com ele.
O preço importa
Por último (e não menos importante; muito pelo contrário), a faixa de preço do smartphone que você vai escolher possui um papel de protagonismo em sua longevidade.
Eu sei que já entrei neste assunto ao longo deste artigo, mas vale a pena entrar em maiores detalhes para justificar meu ponto. Os modelos tops de linha ou premium entregam uma maior longevidade por três fatores muito relevantes:
- Eles recebem mais atualizações.
- São construídos com materiais superiores.
- Eles envelhecem de forma mais lenta.
Este último ponto, o envelhecimento lento, é o mais importante.
Um smartphone premium de quatro anos atrás ainda pode oferecer um desempenho excepcional no presente, pois sua longevidade foi garantida por causa dos dois itens que mencionei antes neste artigo: atualizações regulares e os materiais de qualidade.
Embora esses dispositivos geralmente sejam muito mais caros que os telefones de linha média e de entrada, eles representam um investimento a longo prazo, pois você não precisará se preocupar em trocar de telefone com tanta frequência.
Sei que não é fácil comprar um smartphone top de linha ou premium. Eu mesmo precisei economizar muito para comprar o meu Galaxy S21 Ultra, e estou me programando para o Galaxy S23 Ultra (e não está fácil guardar dinheiro neste momento). Mas entendo que vale a pena dar valor ao seu investimento pela longevidade.
Conclusão
Se você quer um smartphone que vai se manter vivo por muitos anos em suas mãos, considere tudo o que eu escrevi neste artigo.
Atualizações de software são mais importantes que as especificações na maioria dos casos, e normalmente você vai encontrar esse suporte mais longo nos modelos de linha média ou premium. A durabilidade pode ser alcançada pelos materiais de construção, e dependendo do seu perfil de uso, é melhor abrir mão da beleza e do desempenho para obter a resistência necessária para a sua rotina.
E se você quer dar valor ao caro investimento, muito provavelmente terá que escolher um smartphone premium para chamar de seu, pois as chances desse dispositivo funcionar pelo mesmo tempo que o Celta que você comprou em 2016 são enormes.
Faça uma escolha inteligente, e aproveite ao máximo o seu smartphone. E que o retorno no dinheiro pago por ele seja reinvestido em outras coisas relevantes na sua vida como, por exemplo, este blog.
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