Você já parou para pensar na importância da combinação de teclas WASD para o mundo dos videogames? E no uso dessas teclas em conjunto com o mouse?
Então… o WASD é fruto de um processo de evolução que foi longo, com mudanças constantes. Não aconteceu por obra do mero acaso ou pela conveniência da posição das teclas.
Neste artigo, você vai conhecer as raízes do uso das teclas WASD nos jogos de computador, compreendendo também como a adoção dessas teclas revolucionou a forma em como interagimos com os games do passado e do presente.
Nem tudo passa pelo gamepad
Os tempos modernos testemunharam uma revolução no suporte para gamepads, com muitos desenvolvedores recomendando sua utilização no lugar do teclado e mouse. Uma transição significativa, especialmente para jogos do gênero “Metroidvania”, onde a adaptação ao controle ou joystick trouxe benefícios tangíveis para os jogadores.
Contudo, essa mudança não é universal e expõe a essência dos jogos que têm suas origens nos consoles. Quando adentramos o universo dos jogos de tiro em primeira pessoa (FPS), o WASD assume uma posição de domínio indiscutível, aliado ao controle mais preciso do mouse com a mão direita.
Essa preferência pela combinação teclado + mouse não é absoluta (obviamente), já que os jogadores canhotos optam por alternativas como a sequência IJKL.
Mas a pergunta continua: por que essa combinação se tornou tão popular?
A evolução dos jogos para computadores
A resposta nos leva a um passado onde as setas direcionais eram os comandos padrão, e isso nem sempre foi visto como algo cômodo para os jogadores. Nas décadas de 1980 e 1990, vários jogos suportavam as setas como elementos para deslocamento dos personagens, mas com a chegada do mouse como elemento de interação, esse mecanismo deixou de ser algo prático.
O que chama a atenção é que alguns dos primeiros jogos mais populares para computadores, como Wolfenstein 3D e Doom já ofereciam suporte para o mouse, mas a grande maioria dos jogadores ainda preferia as confiáveis setas.
John Romero, uma figura importante no desenvolvimento de Doom, defendia na época a ótima experiência de jogo ao adicionar o mouse à equação.
Curiosamente, a combinação WASD + mouse não teve sua origem no mundo dos PCs ou nos jogos mais populares, mas sim em Dark Castle, um jogo de 1986 para Apple Macintosh, onde o jogador movia o personagem com as teclas WASD e usava o mouse para ajustar a posição do braço e lançar projéteis.
Diferentes sistemas de computadores pessoais como o ZX Spectrum e o Commodore 64 popularizaram combinações de teclas alternativas, como QAOP ou QWPL. Mas foi o IBM PC e seus clones que priorizaram as setas direcionais.
Uma análise mais detalhada do Wolfenstein 3D revela que seus comandos de fábrica concentravam a ação próximo às setas, uma escolha lógica na época em que os mouses não eram padrão nos computadores, já que carregar um driver para o periférico consumia uma preciosa quantidade de memória.
WASD + mouse dominando o mundo
A verdadeira explosão do WASD ocorreu com a chegada do jogo Quake, especialmente com a introdução do suporte para mouselook. Dessa forma, o jogador usava o acessório para alterar o ângulo de visualização do cenário. Uma inovação que também teve suas raízes em jogos para Macintosh, como é o caso de Marathon, lançado pela Bungie em 1994.
Quake, com sua perspectiva multiplayer dinâmica, fez com que verdadeiros gênios do jogo emergissem. Entre eles Dennis Fong, conhecido como “Thresh”. Este jogador ganhou renome como o primeiro gamer profissional ao vencer o torneio Red Annihilation de 1997, e compartilhou segredos que mudariam a dinâmica do jogo. Sua abordagem inovadora no uso do WASD + mouse permitiu trocas rápidas de armas e o uso eficiente de teclas como Shift e Ctrl.
Hoje, entendemos que o legado da combinação das teclas WASD é inegável. Quake 2 incluiu esse ajuste como padrão do jogo, e a Valve fez o mesmo para o aclamado Half-Life. E com o tempo, todos os principais títulos para computadores escolheram essas teclas para a movimentação dos personagens em jogos.
Assim, o WASD virou regra nos jogos FPS modernos, em uma autêntica revolução que moldou a experiência gamer que conhecemos hoje. Estamos diante da história viva escrita pelos jogadores e para os jogadores, como resultado de uma evolução na forma em como interagimos com o entretenimento eletrônico.