Eu não gosto de qualquer tipo de monopólio, e você também não deveria gostar. Pelo visto, boa parte do mundo civilizado também não vê com bons olhos uma única empresa controlando tudo, e parte desse mundo decidiu se voltar contra algumas gigantes tecnológicas que pensam que podem controlar tudo com mãos de ferro.
A União Europeia historicamente comprou brigas judiciais contra Microsoft e Google, e ainda debate como vai estabelecer um controle sobre o uso da internet de forma majoritária e não competitiva. Agora, os Estados Unidos aumentou a pressão sobre as gigantes tecnológicas nesse mesmo sentido.
CEOs de algumas das maiores empresas do setor tiveram que testemunhar para o Congresso dos Estados Unidos, explicando suas estratégias mas sem apresentar medidas concretas para combater o monopólio. Várias alternativas foram propostas, como a divisão de gigantes em pequenas empresas, o que permitiria um maior controle das práticas comerciais das mesmas.
Agora, temos um importante capítulo começando nos Estados Unidos: o Departamento de Justiça daquele país aceitou uma denúncia contra o Google por ter um monopólio ilegal dentro do segmento de tráfego de buscas.
E é importante saber desde já como esse processo pode afetar as nossas vidas.
Detalhes da denúncia e suas possíveis consequências
A denúncia tem 57 páginas, e detalha os acordos comerciais que o Google tem com os seus parceiros nos segmentos de busca de conteúdos e publicidade, além das suas estratégias para eliminar a concorrência desse mercado. No meio da documentação apresentada na denúncia, vale a pena dar um destaque para os contratos estabelecidos com outras grandes empresas, onde a gigante de Mountain View determina a prioridade para o seu buscador, colocando o mesmo como padrão dentro dos seus dispositivos.
O Google se defende das acusações, afirmando que a sua hegemonia no segmento de buscas na internet foi alcançado graças aos usuários, que tomaram a decisão em utilizar o seu buscador simplesmente porque assim desejaram, com total liberdade de decisão.
Isso… e todos os navegadores oferecendo o Google como opção padrão, com configurações não evidentes para a modificação dessa opção, é claro.
O Google chega a contestar de forma direta o processo afirmando que, se o mesmo prosperar, “apontaria artificialmente alternativas de ferramentas de busca de menor qualidade, elevaria os preços dos telefones e dificultaria a vida das pessoas que gostariam de utilizar os serviços de buscas de sua preferência”.
Não que essa seja uma desculpa plausível, mas é como o Google se defende nesse momento.
O processo contra o Google é similar ao que a Microsoft sofreu pela União Europeia, quando decidiu integrar o Internet Explorer no Windows. E não foi essa decisão que fez com que a gigante de Redmond perdesse a dominância entre os navegadores web, mas sim o fato do IE perder qualidade ano a ano, ao mesmo tempo que o Google Chrome dominou o mundo com sua qualidade.
Aliás, o Google não reclamou quando recebeu de bandeja a liberdade de escolha para o navegador padrão no Windows dentro da União Europeia, não é mesmo?
No caso das ferramentas de busca, mesmo que o Google perca o processo, isso não quer dizer que a empresa vai deixar de dominar esse segmento. A única coisa que iria acontecer na prática é um controle mais severo da liberdade de escolha dos usuários pelo serviço que querem utilizar como buscador padrão. E… será que os telefones vão ficar tão mais caros se o serviço de buscas padrão dos dispositivos for de livre escolha?
De qualquer forma, regular a dominância que o Google tem hoje nesse segmento é algo muito complicado, e não podemos descartar que a gigante de Mountain View pode exercer uma grande pressão sobre o tema nos aspectos políticos. É difícil imaginar grandes mudanças em um futuro próximo, mas se a justiça norte-americana vencer o processo, as mudanças vão afetar de forma direta os usuários de todo o planeta.
Quem viver, verá.
Via The Next Web, ArsTechnica