É um cenário até surpreendente, considerando o nome envolvido. Mas… dá para dizer que o Max está salvando a Warner Bros. Discovery de ter um 2024 ainda mais desastroso do que já é.
David Zaslav, CEO da empresa, confirmou na apresentação dos relatórios financeiros o que já era esperado por todos: queda generalizada nos números contábeis, com possibilidade de processos de fusão e aquisição, além de possível venda de ativos para uma recuperação financeira.
E no meio de todo o caos, o que se salvou (por incrível que pareça) foi o serviço de streaming.
Decepção nos videogames e nos cinemas
A receita de conteúdo no segmento de estúdios da Warner Bros Discovery caiu 6%, muito em partes por conta das decepções nos jogos de videogames e nos cinemas.
“Suicide Squad: Kill the Justice League” teve um desempenho de vendas abaixo do esperado, e nem mesmo o sucesso de “Hogwarts Legacy” no ano anterior conseguiu compensar as perdas.
Ou melhor, aquilo que a Warner deixou de ganhar.
A grande frustração de Zaslav nos cinemas foi mesmo “Furiosa: Uma Saga Mad Max”, que ficou muito abaixo do esperado para um filme do seu porte.
O longa, dirigido por George Miller, Arrecadou US$ 67,5 milhões nas bilheteiras dos Estados Unidos, enquanto o orçamento foi de US$ 168 milhões, conforme dados da TD Cowen.
O fracasso do longa coloca em risco toda a continuidade da saga Mad Max, mostrando que não basta uma continuação para que um filme funcione de forma instantânea nos cinemas.
E tudo isso ajudou a transformar o Max em um salvador improvável para a Warner Bros. Discovery.
Onde o Max se deu nem nessa
Com todas as mudanças realizadas no modelo de negócios do Max (que foi apenas mais uma que replicou as decisões recentes da Netflix, os números melhoraram para a plataforma de streaming da Warner.
A base de clientes diretos ao consumidor aumentou, muito em partes impulsionada por ofertas com suporte a anúncios e pela expansão para novos mercados.
No final do segundo trimestre de 2024, o Max contava com 103,3 milhões de clientes diretos ao consumidor, superando todas as estimativas dos analistas.
Sem falar naquilo que mais interessa para Zaslav nesse momento: o aumento de receitas através de publicidade, que quase dobrou no período, alcançando US$ 240 milhões.
Muita estrada pela frente
Mesmo com os números positivos, a Warner ainda precisa trabalhar duro para poder recuperar o terreno perdido nos últimos anos.
Mas se tiver um pouco de paciência, pode prosperar. A Walt Disney Company anunciou lucro pela primeira vez na sua divisão de entretenimento (que é a que inclui o Disney+) no trimestre que corresponde aos meses de abril e junho.
Todo o crescimento do Max esconde alguns problemas que a Warner Bros. Discovery precisa resolver.
O mais grave deles é perder os direitos de transmissão da NBA nos Estados Unidos. Este era um ativo de enorme importância, tanto para a audiência que o canal alcançava quanto pelo fato de perder um grande evento esportivo.
Além disso, os números na publicidade abaixo do esperado resultaram em uma perda de 36 centavos por ação, superando as estimativas que apontavam para uma perda de valor de mercado menor.
Que a Warner Bros. Discovery pode se recuperar nos aspectos financeiros, não resta muitas dúvidas disso.
O problema é que a recuperação passa por uma estratégia que passa por entregar bons filmes, jogos de videogames com uma relação custo-benefício otimizada, e de uma enorme dose de paciência por parte dos investidores e acionistas, pois o dinheiro do streaming ainda vai demorar um pouco a chegar aos cofres da Max.