O FBI conseguiu desbloquear o celular do atirador de Donald Trump em apenas 2 dias, um recorde comparado aos 4 meses que levaram para desbloquear o iPhone do atirador de San Bernardino em 2015.
Não foram divulgados detalhes sobre o modelo de celular ou as medidas de segurança configuradas no dispositivo, o que indica que o FBI pode ter usado ferramentas especializadas de empresas como Cellebrite ou GrayKey para acessar os dados.
Tão relevante quanto o incidente que quase vitimou o candidato à presidência dos Estados Unidos é entender como que o FBI conseguiu tal façanha em tão pouco tempo. Isso é mais importante do que parece, considerando a privacidade dos usuários a médio e longo prazos.
Sigilo sobre os métodos de desbloqueio
As empresas especializadas oferecem kits e soluções para desbloquear celulares, incluindo modelos recentes do iPhone, Samsung Galaxy e Google Pixel.
Esses kits se baseiam em exploits de hardware e software dos dispositivos, em um jogo de gato e rato com os fabricantes que tentam fechar essas brechas de segurança.
Às vezes, métodos menos tecnológicos como adivinhar senhas curtas também podem ser eficazes para desbloquear celulares. Mas o normal é que softwares avançados sejam utilizados nesses cenários, justamente para que o acesso ao dispositivo aconteça no menor tempo possível.
As empresas que fornecem soluções de desbloqueio pedem que seus clientes mantenham segredo sobre o uso dessas ferramentas, pois seus exploits podem ser patcheados pelos fabricantes.
O FBI também não revela detalhes sobre seus processos internos e ferramentas utilizadas, embora às vezes algumas informações vazem, como no caso do desbloqueio do iPhone de San Bernardino.
Você deve se preocupar com isso?
Pelo menos em um primeiro momento, não. A não ser que você tente o mesmo que o jovem de 20 anos tentou no comício de Trump na Pensilvânia.
Porém, a preocupação a longo prazo sobre a segurança e privacidade dos usuários sempre existe, tanto nos aspectos legais (já que abrem precedentes jurídicos para medidas semelhantes no futuro) quanto nos aspectos tecnológicos (uma vez que os fabricantes de smartphones não conseguem se defender da forma adequada).
O desbloqueio rápido do celular do atirador indica que as medidas de segurança dos dispositivos móveis atuais ainda não são suficientes para impedir o acesso não autorizado.
O grande problema é que os smartphones contam hoje com muitos dados pessoais e sensíveis dos usuários. E se essas soluções de desbloqueio caírem nas mãos erradas, podemos ter um desastre em curso.
Pense na quantidade de dados dos usuários que pode ser exposta em um único momento.
Logo, mesmo que o FBI não fale como conseguiu a façanha de superar as linhas de defesa em apenas dois dias, vamos acompanhar de perto as consequências futuras desse episódio para o grande público.