Ferramentas como o ChatGPT e o DALL-E deixaram de ser exclusivas dos entusiastas em tecnologia para serem adotadas no uso cotidiano, através da inteligência artificial generativa.
É um fenômeno cultural que modificou o hábito de trabalho e estudo de muitas pessoas ao redor do mundo. Mas tem muita gente perdida sobre o que é essa tal “inteligência artificial generativa”.
A mídia tradicional não ajuda a explicar o assunto de forma simples e direta e, por isso, estou aqui para simplificar o assunto para os mais leigos.
Definindo o que é a IA generativa
É o ramo da inteligência artificial dedicado a criar conteúdo novo e original a partir de um vasto conjunto de dados, abrangendo textos, imagens, músicas e até mesmo códigos de programação.
É a porta de entrada da inteligência artificial para qualquer pessoa, pois permite que a interação com os motores de IA aconteça a partir de comandos simples ou prompts.
O grande diferencial para a interação acontecer é a capacidade da IA em emular a criatividade humana para “conversar” com o usuário, diferente de outras plataformas que se concentram em análise, classificação e previsão de dados.
E é por isso que as plataformas precisam de uma quantidade assustadora de dados: para gerar respostas mais naturais e relevantes, uma vez que identificar padrões de interação é algo complexo para qualquer tecnologia.
Existem diferentes tipos de inteligências artificiais, como a IA de classificação (que organiza informações em categorias), a IA preditiva (que analisa dados históricos para antecipar tendências) e a IA de recomendação (que personaliza sugestões de conteúdo com base em nossas preferências).
Quando a Netflix recomenda um filme para você, ela usa um IA que analisa o seu comportamento e mostra os conteúdos que estão alinhado com as suas escolhas anteriores dentro da plataforma de streaming.
Um da IAs mais avançadas é de reconhecimento, que processa dados sensórias para identificar rostos, objetos ou vozes. E a IA de controle é a força motriz por trás de sistemas autônomos, como robôs industriais e veículos autodirigidos.
Como funciona uma IA generativa
O coração de uma IA generativa é um mecanismo baseado em redes neuronais artificiais, que são modelos matemáticos que simulam o funcionamento do cérebro humano.
Tudo funciona por duas etapas: o treinamento e a inferência.
Durante o treinamento, a IA é exposta a uma quantidade colossal de dados, dos quais extrai padrões estatísticos intrincados, aprendendo as relações sutis entre palavras, frases e conceitos.
Na fase de inferência, quando uma pergunta é apresentada à IA, ela mergulha em seu vasto repertório de padrões aprendidos para construir uma resposta, selecionando meticulosamente cada palavra com base na probabilidade de ela se encaixar perfeitamente no contexto dado.
São anos de pesquisa e desenvolvimento em aprendizado de máquina para entregar os resultados oferecidos neste momento.
Quando interagimos com uma IA generativa, enviando uma pergunta ou um comando, desencadeamos um processo extremamente complexo que se desenrola em meros milissegundos aos nossos olhos.
Inicialmente, a IA analisa minuciosamente o texto inserido, buscando decifrar o contexto, identificar as palavras-chave e discernir as intenções por trás da mensagem.
Em seguida, o modelo previamente treinado entra em ação, realizando a inferência. As palavras mais propensas a compor uma resposta correta e relevante são analisadas, considerando os padrões aprendidos durante a fase de treinamento.
Tudo acontece de forma sequencial, palavra por palavra, com o contexto sendo constantemente recalculado e refinado a cada novo termo gerado.
Até eu a resposta completa é entregue para o usuário.
A IA pode errar
Uma IA generativa não está isenta de falhas.
As IAs atuais ainda podem “alucinar”, produzindo informações incorretas ou completamente inventadas para completar o contexto do que está escrevendo.
Mas faz isso de forma tão natural, que oferece um ar de veracidade nas respostas.
Isso acontece porque a IA não compreende o conteúdo que geral, já que opera através de previsões estatísticas, selecionando a sequência de palavras mais provável de acordo com os dados aprendidos.
Além disso, a qualidade das respostas está intrinsecamente ligada à qualidade e à diversidade dos dados de treinamento. Se esses dados contam com erros ou estereótipos, a IA pode inadvertidamente reproduzi-los ou até mesmo amplificá-los, resultando em respostas imprecisas ou, em casos mais graves, preconceituosas.
O grande desafio hoje é desenvolver uma IA que não seja mentirosa ou viciada. E a grande questão é que esse problema pode ser resolvido quando o chatbot tomar consciência sobre o conteúdo que produz, o que pode resultar em efeitos colaterais desastrosos.
Uma IA com consciência e discernimento pode ser voltar contra o próprio usuário, pois é ele quem está alimentando sua inteligência com informações incorretas.
Enquanto uma solução não vem, qualquer plataforma de IA pode ser a porta escancarada para a desinformação e notícias falsas.
Em paralelo à isso, a percepção do público em relação às capacidades dessas ferramentas muitas vezes é distorcida, ou superestimando suas habilidades, ou temendo de forma infundada a substituição humana em massa.
O futuro
Que a inteligência artificial generativa é o futuro, não resta dúvidas.
Essa tecnologia vai seguir evoluindo de forma acelerada, e vai ficar mais rápida, precisa e versátil com o passar do tempo.
Os desafios éticos vão aparecer, e o mercado de trabalho como um todo está em plena transformação.
Muito em particular áreas como jornalismo, design e programação terão que se adaptar ao novo. A automação de tarefas criativas pode acabar com algumas profissões e melhorar outras.
E o mais importante nesse momento é encontrar uma maneira de trabalhar com essa nova tecnologia sem o medo de ser superado por ela.
Além disso, a necessidade de regulamentação se torna cada vez mais evidente, a fim de evitar o uso indevido dessas ferramentas para a criação de notícias falsas, deepfakes ou campanhas de manipulação em massa nas redes sociais.
Mas para essa última parte, é preciso uma enorme boa vontade dos legisladores e uma compreensão mais ampla sobre o assunto por parte do grande público.
E nos dois casos, apenas o tempo pode resolver.