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Como é montar um “iPhone 12 Mini Frankenstein”

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Montar um iPhone 12 Mini em casa a partir de peças compradas no AliExpress é uma ideia que soa tão absurda quanto misturar leite com Coca-Cola. Mas para Hugh Jeffreys, o “McGyver” dos gadgets, isso era apenas mais um dia no escritório.

Com o sorriso sarcástico no rosto de quem sabia que o caos era inevitável (ou que pelo menos iria gerar a indignação de muitos Apple fanboys), ele abriu seu navegador web, armou-se de paciência e embarcou no que podemos chamar de “a odisseia do carrinho de compras mais peculiar da internet”.

É claro que tudo isso virou um vídeo para o YouTube. Senão, não teria graça ou o menor sentido. Por isso (também) sua experiência virou um artigo comentado neste blog.

 

Primeiro, as compras

No começo, parecia tudo fácil demais: carcaça aqui, tela acolá, uma placa-mãe de origem duvidosa vinda diretamente da Rússia, e por que não alguns parafusos extras para se precaver contra a maldição do “onde foi parar aquele último parafuso?”.

O AliExpress, com sua interface que parece feita em 2003, é uma mistura de parque de diversões e filme de terror: você nunca sabe se está prestes a encontrar uma barganha ou uma cilada.

Nada muito diferente de alguns e-commerces nacionais. E… nesse momento, eu convido a você, amigo leitor, a deixar de lado esse preconceito rançoso em relação à loja chinesa.

Até porque eu tenho (quase) certeza de que você é um daqueles revoltados porque tem que pagar mais caro em impostos do que o valor cobrado pelo smartphone.

E eu estou do seu lado nessa, acredite.

Cada item selecionado vinha acompanhado de descrições vagas, como “Placa-mãe nova. Talvez funcione. Talvez não.” Um verdadeiro leilão de expectativas baixas, onde o melhor anúncio preparava o comprador para o pior.

Mesmo assim, Hugh foi em frente nas compras, e arriscou a integridade dos seus dados e do cartão de crédito para adquirir os itens para a montagem do tal iPhone.

Depois de semanas de espera (e algumas noites de insônia, pensando se a placa-mãe não seria na verdade um pedaço de cartolina), os pacotes começaram a chegar.

Era como um Natal bizarro e antecipado, já que  cada caixa vinha com uma surpresa de alguma forma. Algumas boas, outras dignas de um filme de terror classe B.

A tela que deveria ser OLED acabou sendo “oLEED”, seja lá o que isso significar, e a bateria simplesmente decidiu boicotar o projeto e nunca apareceu.

Entre trancos e barrancos, Hugh tinha mais ou menos tudo em mãos para montar o tal do iPhone 12 Mini. E ele estava prestes a descobrir se valia a pena o processo do “faça você mesmo”, ou se é melhor pagar a pilha de dinheiro para a Apple para evitar essa enorme dor de cabeça.

 

Depois, o processo de montagem

Com a bancada de trabalho mais parecendo um ferro-velho com tantos pedaços de telefone e sucata, Hugh começou a montagem do seu amado iPhone.

A Apple, com sua obsessão por parafusos proprietários, parecia ter planejado cada detalhe para tornar a vida dos técnicos um inferno. E, claro, cada peça precisava ser ajustada, polida ou, em alguns casos, completamente “reinventada” para se encaixar.

Era quase como montar um quebra-cabeça onde as peças pertencem a jogos diferentes.

E isso não tem absolutamente nada a vier com design, segurança de dados ou “nós sabemos o que você quer”. Isso tem a ver com protecionismo econômico.

Tem a ver com a tentativa de impedir que um zé mané qualquer conserte o iPhone por preços muito abaixo do que a assistência técnica autorizada cobra.

Para coroar o caos, o sistema operacional do telefone estava em chinês, tornando cada ajuste uma aventura digna de um filme de espionagem.

Hugh passou uma tarde inteira tentando decifrar os menus enquanto se perguntava por que um iPhone mini parecia ter frequentado aulas de mandarim.

Se bem que… de todos os problemas do processo, esse era o passo mais fácil de ser contornado. Afinal de contas… Google Lens (com Google Tradutor), minha gente!

Após muita luta e sacrifício, o grande momento chegou, e o iPhone Frankenstein ganhou vida.

Mas, tal e como acontece em toda boa história de terror contada nos cinemas, havia um vilão à espreita. A Apple, com sua política inflexível, negou categoricamente o emparelhamento das peças.

A tela não podia ajustar o brilho, a câmera funcionava como se tivesse sido comprada na barraquinha da esquina, e o Face ID… bem, digamos que ele era tão funcional quanto um guarda-chuva furado.

No final, o projeto consumiu US$ 219 e um estoque infinito de paciência. Hugh poderia ter comprado um iPhone usado por um preço menor (US$ 185 no eBay) mas… onde estaria a diversão nisso?

Apesar de todos os contratempos, ele terminou com um telefone funcional – meio russo, meio chinês, mas com um toque especial de “feito em casa”.

Se vale a pena passar por tudo isso?

Apenas para os curiosos de plantão, ou para as pessoas que precisam forjar o desenvolvimento da paciência para evitar a psicopatia, e pelo bem da humanidade.

Para a esmagadora maioria das pessoas ditas normais e com a saúde mental em dia, passe longe desse processo.

E aceita que a Apple cobra caro de todo mundo para fazer aquilo que é muito difícil de ser executado por mãos humanas ditas normais.

Sem falar que Hugh construiu um iPhone 12 Mini, um smartphone que está oficialmente descontinuado pela Apple.

Ou seja, ele gastou ainda mais tempo e dinheiro para correr atrás de peças escassas no mercado. E não sei se tanto esforço se justifica em nome de um iPhone que, oficialmente, nem existe mais.


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