E por que não pensar no pior cenário possível?
Pense na seguinte situação: você está cuidando da própria vida em um dia ensolarado, curtindo a praia enquanto olha as tretas no Twitter (me recuso a chamar aquela porcaria de X). Do nada, uma ameaça invisível atravessa o espaço em direção à Terra em alta velocidade.
Essa força, carregada de energia, alcança a nossa atmosfera e, de forma muito silenciosa, consegue afetar os alicerces de nossa tecnologia: uma tempestade solar atinge a Terra, acabando com as redes de celular, afetando os satélites e causando uma pane completa nos sistemas de telecomunicações.
O cenário de filme de ficção científica é mais real do que podemos imaginar, e pode ocorrer a qualquer momento, causando danos dos mais diversos para os nossos sistemas de comunicações.
Ninguém conversou sobre isso a sério. Até agora.
E ainda bem que estou aqui para falar sobre esse assunto mais a sério.
O fenômeno das tempestades solares
Quando pensamos em ameaças aos nossos smartphones, sempre pensamos em problemas que são comuns ao dia a dia de qualquer usuário, como quedas, roubos ou falhas de bateria. Todas as nossas principais medidas preventivas são voltadas para essas ameaças.
Mas as tempestades solares existem, e mesmo sendo menos conhecidas pelo grande público, contam com um enorme potencial de impacto aos smartphones. E entendo que vale a pena conversar um pouco sobre o tema para que cada um saiba o que fazer se o pior acontecer.
Primeiro, precisamos entender o que é o inimigo, para que possamos saber como combate-lo da melhor forma.
As tempestades solares são causadas por explosões de energia na superfície do Sol, conhecidas como ejeções de massa coronal (CMEs). Essas explosões emitem partículas carregadas que viajam pelo espaço e podem atingir a Terra, alterando seus campos magnéticos.
Como eu disse antes, é um inimigo invisível e imprevisível. É possível estimar quando uma tempestade solar vai acontecer, mas não dá para prever dia e hora, da mesma forma como fazemos com chuvas ou nevascas.
Por isso é muito mais difícil combater os efeitos das tempestades solares nos smartphones, e suas consequências para as telecomunicações são bem mais nocivos do que nossa ignorância sobre o assunto pode estimar.
As consequências da tempestade solar
Uma das consequências mais prováveis de uma tempestade solar é a interrupção da cobertura móvel, onde o seu dispositivo se torna incapaz de realizar ou receber chamadas ou enviar mensagens de texto. E, obviamente, a internet por dados móveis também deixa de funcionar.
Partículas carregadas de energia solar podem interferir nos sinais de radiofrequência usados por satélites e torres de telecomunicação, afetando chamadas e transmissão de dados. Não só os dispositivos ficam inúteis, mas as redes de telecomunicações nas mais diferentes tecnologias.
Eventos solares intensos podem comprometer as estações base que mantêm a rede conectada, causando cortes temporários na rede em certas áreas. A amplitude do problema depende da intensidade da tempestade solar.
Satélites em órbita são particularmente suscetíveis a danos durante uma tempestade solar. A falha de um satélite de comunicação pode interromper serviços em grandes regiões, impactando a cobertura e conectividade móvel.
Uma tempestade solar de grande magnitude não apenas afeta os celulares, mas também pode provocar efeitos em sistemas de navegação por GPS, redes elétricas e outros dispositivos dependentes de telecomunicações. As interrupções podem variar de minutos a horas, dependendo da intensidade.
O evento também pode causar apagões de energia que vão impedir a recarga de bateria dos telefones, a menos que você utilize uma powerbank.
E os próprios carregadores de smartphones acabam ficando vulneráveis aos picos de tensão nas redes elétricas que não foram afetadas por uma tempestade elétrica mais severa.
Um surto de tensão pode danificar o carregador do seu smartphone se sua casa ou apartamento não possui um protetor de tensão.
Sem falar nos danos diretos no smartphone, por conta das correntes eletromagnéticas que podem produzir pulsos que superaquecem os circuitos internos ou desativam componentes específicos.
Os smartphones modernos até podem suportar níveis normais de interferência eletromagnética, mas podem não suportar em casos de tempestades solares extremas.
Nestes cenários, pode esperar por esses efeitos colaterais indigestos:
- Falhas da bateria, como superaquecimento ou perda de capacidade.
- Deterioração na tela ou nos sensores das câmeras e leitores de impressões digitais.
- Uso prematuro dos circuitos de carga ou do processador devido a flutuações elétricas.
Logo, pense umas dez vezes antes de colocar o smartphone para carregar após uma tempestade solar também pelos danos físicos que o seu dispositivo pode ter após o evento climático.
E mesmo com todos os problemas na prevenção de tempestades solares, pois são fenômenos difíceis de serem estimados, cientistas e órgãos reguladores estão constantemente monitorando a atividade solar para mitigar os efeitos em infraestruturas críticas.
Proteções preventivas e respostas rápidas podem ajudar a diminuir os impactos dessas tempestades na tecnologia. Mas não deixam os telefones ou os sistemas de telecomunicações completamente imunes aos problemas resultantes dessas tempestades solares.
O jeito mesmo é torcer para que tal tempestade nunca aconteça na Terra com intensidade extrema. E se acontecer, esperar que os danos sejam mínimos, tanto para as redes de telecomunicações como para os nossos dispositivos.