Pense em como o norte-americano médio está feliz ao descobrir que o preço daquela TV que ele planejava comprar subiu 15% do dia para a noite.
É o que vai acontecer a partir de agora, com as recentes tarifas impostas por Donald Trump a produtos do México, Canadá e China. A medida já está fazendo CEOs de gigantes do varejo soarem o alarme: os preços vão subir, e rápido.
Brian Cornell, da Target, e Corie Barry, da Best Buy, não apenas confirmaram a tendência, mas alertaram que os consumidores sentirão o impacto nos próximos dias.
O que isso significa para o orçamento do cidadão norte-americano? Como essas decisões políticas estão ligadas ao preço do morango no café da manhã? E o Brasil? Será prejudicado de alguma forma com essas decisões?
Vamos desvendar a teia de consequências que une geopolítica, guerra comercial e o valor da compra mensal de quem vai pagar mais caro nos produtos do dia a dia (e nos eletrônicos também).
Começando pela guerra comercial nas frutas
Enquanto você lê este texto, caminhões carregados de abacates, bananas e morangos cruzaram a fronteira do México para os EUA sob a sombra de uma tarifa de 25%.
Brian Cornell, CEO da Target, revelou à CNBC que metade dos produtos da rede são fabricados nos EUA, mas o inverno americano depende criticamente das importações mexicanas de frutas e vegetais.
“São categorias em que tentaremos proteger os preços”, disse ele. Porém, o executivo já admitiu que os consumidores já verão aumentos de preços nos próximos dias para os produtos que foram taxados por Trump.
A sazonalidade agrícola transformou o México em um fornecedor vital durante os meses frios, mas as novas tarifas ameaçam romper essa dinâmica. Imagine pagar 30% a mais por uma salada de frutas em janeiro, ou ver prateleiras vazias por falta de estoque.
Não se trata apenas de inflação: é uma reação em cadeia que afeta desde pequenos produtores mexicanos até o planejamento financeiro das famílias americanas.
E não para por aí.
O México não é apenas um fornecedor de alimentos. Ele é um parceiro comercial estratégico dos Estados Unidos, e ao aumentar os custos de importação, Trump arrisca não só elevar preços, mas também desestabilizar relações que sustentam setores inteiros.
E quem paga a conta de tudo isso é o consumidor final, é claro.
A pergunta que fica é: quem pagará a conta? Para Cornell, a resposta é clara: o consumidor final.
Agora que você entendeu como a vida do norte-americano médio será afetada em produtos mais importantes que uma Smart TV, vamos entender melhor como Target e Best Buy podem se tornar menos atraentes com a nova carga tributária imposta pelo atual presidente dos Estados Unidos.
A bomba relógio da Best Buy
Se as frutas mais caras já são um golpe para o consumidor, o impacto dos eletrônicos será ainda maior.
Corie Barry, CEO da Best Buy, deixou claro: a China e o México são os dois maiores fornecedores de produtos da empresa. Com tarifas de 25% sobre o México e 10% adicionais sobre a China (além dos 10% já vigentes), a matemática é implacável.
“É altamente provável que os preços subam para os consumidores”, afirmou Barry, sugerindo que os fornecedores repassarão os custos às lojas.
Cada componente, cada peça montada na Ásia ou no México, agora carrega um custo extra. A Best Buy, conhecida por preços competitivos, terá que escolher entre absorver parte dos custos (reduzindo margens) ou repassá-los aos clientes.
Em um mercado onde cada dólar conta, essa decisão pode definir quem sobrevive na guerra do varejo eletrônico.
Barry não descarta a possibilidade inclusive da Best Buy acabar com suas promoções sazonais como, por exemplo, a Black Friday. E isso nos leva a uma reflexão perturbadora: as guerras comerciais não são abstratas, pois elas definem quanto você paga pelos produtos que vão resultar em um maior conforto da sua casa.
A geopolítica no caixa do supermercado
Trump justifica as tarifas como uma ferramenta para pressionar Canadá, México e China a renegociar acordos comerciais. Mas enquanto os líderes políticos discutem termos e impostos em salas refrigeradas, o cidadão comum enfrenta uma realidade imediata: o preço do pão aumentando ou diminuindo em função do tweet que o presidente publica (ou não).
Howard Lutnick, secretário de Comércio, tentou acalmar os ânimos ao sugerir que um acordo com Canadá e México pode ser anunciado “já na quarta-feira” (no caso, hoje, 5 de março de 2025).
E se não for?
A incerteza é o maior inimigo do varejo.
Lojas varejistas como Target e Best Buy operam com margens de lucro apertadas e cadeias de suprimentos globais extremamente complexas. Uma mudança tarifária repentina obriga a renegociações apressadas com fornecedores, revisão de contratos e recálculos de preços — tudo enquanto o relógio corre.
Para o consumidor, isso se traduz em prateleiras voláteis e orçamentos domésticos sob stress.
Tarifas nã são armas políticas, mas suas balas são econômicas. Cada porcentagem acrescida a uma importação mexicana é um rombo no bolso de quem compra abacates ou uma TV.
Enquanto Trump negocia “compromissos”, os CEOs do varejo já estão recalibrando máquinas de precificação.
E o consumidor norte-americano já está pagando por isso.
O preço da guerra que o norte-americano nunca pediu
As tarifas de Trump deixam de ser meras manchetes no jornal para se transformar em números na nota fiscal de quem compra e paga.
Este artigo revelou como decisões em salas de reuniões governamentais ecoam nas prateleiras de supermercados e lojas de eletrônicos. E muito além das varejistas que, neste caso, estão na linha de frente dessa guerra, o verdadeiro campo de batalha é a sua carteira ou fatura do cartão de crédito.
Cabe ao norte-americano médio monitorar preços, comparar promoções e ajustar hábitos de consumo como medidas de defesa contra essa onda de aumentos. E enquanto aguardam o desfecho das negociações com México e Canadá, refletir que em uma guerra comercial, não há vencedores — apenas consumidores mais pobres.
A lição cabe para nós, brasileiros.
Fique atento às etiquetas, questione aumentos abruptos e exija transparência das marcas. Afinal, cada real gasto a mais é um voto silencioso contra políticas que penalizam o cidadão.
A sua ação começa no caixa ou na hora de finalizar a compra.
Não se esqueça disso.
Via The Verge