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Como as operadoras de telecomunicações podem te enganar com a “hipótese do feitiço mágico”

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Se você sempre achou que os contratos de serviços de internet, telefonia móvel, TV por assinatura ou qualquer outro serviço de telecomunicações são escritos para que você não entenda absolutamente nada do que está lendo… saiba que o seu achismo está completamente certo nesse caso.

Toda a linguagem de difícil compreensão, com frases longas e termos estranhos são escritos de propósito. Tudo isso é feito para enganar você.

Desculpa… não posso dizer isso… vou reformular. Tudo é escrito dessa forma para te confundir, e não para explicar.

Os cientistas chamam isso de “hipótese do feitiço mágico”. E diferente das operadoras de telecomunicações, eu estou aqui para te explicar o que é esse conceito, e mostrar como você pode se defender dele.

 

Por que “hipótese do feitiço mágico”?

Vamos pensar um pouco.

Qualquer feitiço de magia conta com uma sucessão de palavras absurdas para entregar um resultado prático. Em muitos casos o mágico só faz isso para ser superior, pois qualquer idiota com os termos certos poderia fazer a mesma mágica.

Exemplo prático: “Petrificus totalus” do Harry Potter poderia muito bem ser um “vire uma estátua de pedra”, que resolveria do mesmo jeito.

Os contratos de serviços de telecomunicações funcionam do mesmo jeito: são textos com validade legal, escritos por um time de advogados que carregam termos técnicos e jurídicos que a maioria das pessoas não faz a menor ideia do que significa… e possuem validade legal.

Porque… quando você diz que “não leu tal termo no contrato”, a operadora pode dizer “mas está escrito no contrato”.

E você vai ver uma palavra que nem o Google entende o que quer dizer no meio daquele idioma alienígena escrito por advogados.

 

Um problema incompreensível para os clientes

Você tem tempo para ler qualquer contrato com a devida atenção?

São textos enormes, que precisam ser traduzidos para a linguagem do ser humano normal. E ainda bem que tem o ChatGPT hoje para simplificar tudo em segundos.

A escrita complicada do juridiquês é herdada da publicação de leis e constituições ao longo da história. E isso, porque a nossa Constituição Federal já possui uma linguagem bem simplificada e de fácil compreensão para qualquer pessoa.

A ponto de os espertinhos distorcerem leis, com interpretações alternativas.

Um estudo científico que analisou a linguagem usada nesses documentos concluiu que textos jurídicos existem apenas e tão somente para mostrar que quem escreve são seres (teoricamente) superiores. E nada mais.

Não explicam nada. Não simplificam a comunicação entre cliente e empresa. Só servem para ferrar com o consumidor.

Após análise de textos jurídicos em inglês, e depois de realizar testes com voluntários que alternaram a escrita entre o juridiquês e a comunicação habitual, os cientistas concluíram que textos legais não passam apenas o conceito de legalidade.

Querem transmitir senso de autoridade.

De acordo com os cientistas do MIT (Mass Technology Institute)…

Os resultados sugerem que a lei é uma rara exceção à tendência geral da linguagem humana à comunicação eficiente, e que estruturas complicadas são muitas vezes inseridas para apontar a natureza autoritária da lei em detrimento de maiores dificuldades de leitura. Esses resultados sugerem que as leis podem ser simplificadas sem perda ou distorção do conteúdo comunicativo.

Ou seja, as operadoras de telefonia, internet e TV a cabo usam o juridiquês para complicar a nossa vida na hora de assinar contratos, mostrando que têm poder sobre os clientes para (inclusive) realizar cobranças ilegais e atos arbitrários.

Cláusulas se tornam “ocultas” pela dificuldade da linguagem utilizada na redação, mas contam com respaldo legal porque os termos e expressões que o cliente não entende está presente no texto do contrato.

E é por isso que as operadoras podem sim ferrar com qualquer um que não compreender a profundidade do que está assinando no contrato de prestação de serviços.

A minha dica para combater isso é: copie o texto do contrato na íntegra, cole no ChatGPT e inclua o prompt abaixo:

Preciso que você simplifique esse texto, explicando os pontos mais importantes como se eu fosse uma criança de cinco anos de idade.

Nem precisa me agradecer.


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