A Libra, moeda virtual do Facebook, e a Calibra, sua carteira de critpomoedas, chegaram ao mundo, e com ela, várias dúvidas foram levantadas. A principal delas? Por que Mark Zuckerberg foi se meter no mundo das moedas virtuais, depois de tantas polêmicas sobre privacidade (ou a falta dela) na sua rede social?
A decisão dá muito o que falar, e não pelo fato do Facebook ter a sua moeda virtual, mas sim pelas implicações nos aspectos de privacidade e segurança que a decisão envolve. Os últimos escândalos envolvendo a rede social nos últimos meses não ajuda, e até que ponto as pessoas confiam em Mark Zuckerberg para investirem o seu dinheiro nele e na sua proposta?
Dá pra confiar na Libra com o histórico ruim do Facebook?
O que dá um pouco mais de segurança para os possíveis interessados na Libra é que a moeda virtual não será gerenciada sozinha. Por trás dela existe a Associação Libra, com 28 membros fundadores, entre as quais temos gigantes do comércio como MasterCard, Visa, Spotify, PayPal, eBay e outros. Porém, o Facebook lidera a iniciativa em 2019 para impulsionar a moeda.
Já a Calibra, que é quem vai receber as Libras dos usuários, essa sim é de controle do Facebook, que por sua vez é representado na Libra pelo Facebook Calibra, um grupo de administração financeira que representa Zuckerberg nessa empreitada.
Não é segredo para ninguém que a credibilidade do Facebook nos aspectos de segurança está bem arranhada, e as notícias envolvendo brechas de segurança, vazamentos que não são vazamentos e até diretrizes que apontam para a coleta e comercialização de dados dos usuários não param de aparecer. A cada semana, temos algo novo no front.
Porém, o dano só foi de imagem. Nos aspectos empresariais, a existência da Associação Libra por si e com todos esses parceiros comerciais tão fortes mostra que o Facebook ainda é potente e promissor nos aspectos econômicos. Como poucos usuários abandonaram a plataforma diante de tantos escândalos, várias empresas ainda querem fazer negócio com Mark Zuckerberg, aproveitando essa grande leva de usuários que a plataforma ainda possui.
Zuckerberg vai ter que se esforçar para nos convencer…
É claro que Mark Zuckerberg quer oferecer todas as garantias que tanto o Libra quanto o Calibra são confiáveis. Mas entendo que ele terá que fazer mais do que isso para convencer aos usuários. Sim, a ponta final do processo. Porque, ao que tudo indica, os investidores ele já convenceu faz tempo.
Para efeitos (extremamente) práticos, estamos falando de dinheiro. O auge da criptomoeda já passou, e esse mercado ainda pode ser incerto. O Facebook até se respalda criando a Libra com uma ferramenta que evita a volatilidade do seu valor, Mas as dúvidas são enormes, tanto na sua mecânica prática como no entorno criado pela má fama do Facebook.
Muito provavelmente o sucesso da Libra pode ser afetada por essa má reputação da rede social de Zuckerberg, já que nem todos se sentem seguros em investir o seu dinheiro em um produto cuja plataforma mãe não lida com respeito com os dados de seus usuários.
Por outro lado, tanto Libra e Calibra contam com um sério respaldo de parte de um grande conglomerado de empresas que apostam na iniciativa. E essa influência positiva pode turbinar e muito a capacidade de expansão dessa moeda virtual.
Será um cabo de guerra bem interessante. De um lado, uma grande comunidade de usuários que odeia relacionar internet e dinheiro. Por outro lado, 28 empresas por trás de um Facebook que quer convencer esses mesmos usuários que o contrário desse pensamento é algo bem válido.
Vamos ver se o Facebook consegue reverter uma situação que já começa cheia de pontos de interrogação. Se por um lado o blockchain não está nos seus melhores momentos, o pagamento por smartphones está. Mark Zuckerberg pode se aproveitar disso para fazer a Libra prosperar.