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Cinco fatos que provam que a estreia da NFL na Netflix foi um sucesso

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A parceria entre a NFL e a Netflix para a transmissão de dois jogos no dia de Natal de 2024 marca um novo capítulo na forma como o futebol americano é apresentado ao público. E um ponto de inflexão para a TV como um todo, já que estamos na era da exclusividade esportiva no streaming.

Um dos principais ativos para qualquer canal de TV, seja no formato aberto ou a cabo (via assinatura) é os esportes. E o grande teste realizado pela Netflix em 25 de dezembro de 2024 entregou lições importantes, que toda a indústria do entretenimento está anotando com muita atenção.

Neste artigo, apresento cinco fatos que mostram como a Netflix venceu ao transmitir os jogos de Natal da NFL.

 

Jogos exclusivos

Esta é a primeira vez que a Netflix transmite jogos da NFL no dia de Natal, um movimento que representa uma nova estratégia para atrair assinantes e expandir seu conteúdo esportivo.

Os jogos incluíram o confronto entre o Kansas City Chiefs e o Pittsburgh Steelers, começando às 15h, seguido pelo embate entre Baltimore Ravens e Houston Texans às 18h30 (todos os horários de Brasília).

Os jogos eram exclusivos da plataforma de streaming. Nenhuma outra empresa dentro do setor exibiu os jogos EM TODO O PLANETA.

Isso é muito diferente do que aconteceu no jogo do Brasil em setembro. O confronto entre Green Bay Packers vs Philadelphia Eagles foi exibido nos EUA de forma exclusiva no Peacock (plataforma de streaming da NBC), mas os direitos permaneceram os mesmos em cada país que transmite a NFL.

Tanto, que no Brasil, o jogo foi exibido em TV aberta (Rede TV!), TV por assinatura (ESPN) e streaming (Cazé TV! No YouTube e Disney+).

No caso da Netflix, os jogos foram para o mundo inteiro EXCLUSIVOS pela plataforma de streaming. E isso é muito emblemático, inclusive para a NFL.

 

A NFL não precisa nem da TV aberta

Considerando que faz um bom tempo que o NFL Redzone está no streaming, a própria liga de futebol americano está se dando conta de que não precisa da TV tradicional para alcançar o seu público.

Tradicionalmente, os jogos da NFL no Natal eram veiculados pelos canais de TV aberta nos EUA, com grandes redes como NBC ou FOX responsáveis pela cobertura.

Isso acontecia por um motivo muito simples: são jogos de feriado, com famílias inteiras em casa, o que normalmente impulsiona a audiência das partidas.

A mudança para uma plataforma de streaming indica uma evolução nas preferências dos consumidores, que cada vez mais buscam opções de visualização flexíveis.

A grande exceção para a NFL seria quando o campeonato chegar aos playoffs e, obviamente, o Super Bowl. Aqui, vale a máxima audiência possível, e a TV aberta volta a ganhar protagonismo.

Mas para a temporada regular, já dá para projetar um futuro com o futebol americano no mínimo disseminado em várias plataformas, com jogos exclusivos no streaming.

O potencial para uma audiência maior do que o projetado na TV aberta é considerável, já que membros da mesma família podem assistir aos jogos em diferentes dispositivos.

Sem falar naqueles que não estão em casa, e podem assistir às partidas em qualquer lugar. Basta ter uma boa conexão de internet.

E os números alcançados pela Netflix ajudam a confirmar tudo o que falei neste tópico. Mas… falo sobre isso daqui a pouco.

 

Uma estrutura gigantesca

A Netflix não economizou dinheiro e recursos para estrear em grande estilo as transmissões da NFL em sua plataforma.

O evento contou com um programa pré-jogo de duas horas, começando às 13h, no melhor estilo dos grandes canais esportivos.

Te cuida, dona ESPN…

Apresentadores renomados nos EUA como Ian Eagle e seu filho Noah Eagle, e atletas do porte de Drew Brees (lenda do New Orleans Saints e quarterback vencedor do Super Bowl) participaram da cobertura dos jogos.

E até mesmo a transmissão em Português do Brasil teve o cuidado de convocar narradores e comentaristas com experiência prévia e conhecimento no esporte, como é o caso do Paulo Mancha, que comentou a NFL por anos no Band Sports e na ESPN.

O resultado da cobertura foi em nível profissional. Era como se a Netflix transmitisse desde sempre o esporte.

E a melhor parte: a qualidade de imagem foi plena durante todo o tempo, nos dois jogos. Os problemas detectados na transmissão da luta entre Jake Paul e Mike Tyson não se repetiram dessa vez.

 

O #BeyonceBowl

Tá, eu sei que teve aquela performance da Mariah Carey na abertura dos dois jogos. Mas… o que ia furar a bolha do jogo era mesmo o show da Beyoncé.

E que show!

Foi uma performance impecável, muito bem produzida e pensada na televisão. Closes de câmera bem definidos e planejados, uma iluminação de estúdio (mesmo em um cenário aberto como um campo de futebol americano) e toda uma produção digna de um videoclipe.

E Beyoncé entregando o seu talento, como sempre.

O objetivo da Netflix neste caso era bem claro: atrair o público que é fã da cantora e não faz a mais vaga ideia de quem é Lamar Jackson.

E esses fãs só sabem quem é Patrick Mahomes porque o principal recebedor do time dele namora a Taylor Swift. E está tudo certo.

O que importa para a NFL é a popularização do esporte. Conquistar o maior número de pessoas interessadas que, eventualmente, vão conhecer melhor o jogo com o passar do tempo.

Ah, sim, claro… e os números. NFL e Netflix queriam os números.

E os números vieram.

 

Uma audiência histórica

De acordo com a Nielsen Ratings (equivalente ao nosso IBOPE), o confronto entre o Kansas City Chiefs e o Pittsburgh Steelers registrou uma média de 24,1 milhões de espectadores, enquanto a partida entre Baltimore Ravens e Houston Texans alcançou a média de 24,3 milhões de pessoas.

Chiefs vs Steelers é, oficialmente, o segundo evento ao vivo mais popular da Netflix (perdendo apenas para Paul vs Tyson).

E durante a performance de Beyoncé no Show do Intervalo, mais de 27 milhões de norte-americanos acompanharam os 13 minutos daquela apresentação.

Todos os números são equivalentes à audiência dos Estados Unidos. Não sei se a Netflix vai informar os números globais.

Essas são “apenas” as MAIORES AUDIÊNCIAS DA HISTÓRIA DA NFL PARA JOGOS NO DIA DE NATAL.

Ainda de acordo com os números da Nielsen, o que eles chamam de “público não duplicado” (que é a soma da audiência que assistiu a pelo menos um dos jogos) flertou com os 65 milhões de espectadores.

E a Netflix recebeu essa audiência toda… e a plataforma não caiu!

Detalhe importante: a Netflix e a NFL estavam enfrentando a já mais do que tradicional rodada de Natal da NBA, que exibe cinco jogos ao vivo na ABC e na ESPN.

E, mesmo assim, fica claro que tem público para diferentes esportes, já que a NBA confirmou que teve “a maior audiência de jogos no Natal em cinco anos”, com um aumento de audiência de expressivos 84%.

 

O futuro

A parceria entre a NFL e a Netflix é parte de um acordo de três anos que visa explorar mais transmissões esportivas durante feriados e eventos especiais.

Mas para mim, já representa algo muito maior.

De novo: tudo foi um teste. Um grande balão de ensaio.

O sucesso da NFL na Netflix pode representar a entrada de vez da plataforma de streaming no mercado de eventos esportivos.

É um dos ativos mais relevantes dentro de um cenário em que todo mundo se cansou de ver filmes insossos e séries que são “mais do mesmo”.

Outras plataformas já entenderam isso, inclusive no Brasil.

A Warner Bros. Discovery joga montanhas de dinheiro para manter a UEFA Champions League no Max. O Amazon Prime Video tem parcerias sólidas com a NBA e com a Premier Legue.

A Apple TV+ tem a MLB e a MLS. O Paramount+ conseguiu a Copa Libertadores e a Copa Sul-americana na América Latina toda.

Tem gente que assina o Globoplay só por causa dos canais Sportv e Premiere, que ficam muito menos caros fora da TV por assinatura.

E nem preciso falar que a Cazé TV virou uma das referências de streaming esportivo no Brasil.

Tudo o que aconteceu em 25 de dezembro na Netflix pode ser sim o início de uma nova era, inclusive para as transmissões esportivas.

De novo: te cuida, ESPN. A concorrência está cada vez maior, e o slogan “canal líder mundial em esportes” pode ficar desatualizado no futuro.


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