China e o chamado bloco ocidental (aka EUA) estão se estapeando faz tempo, e isso se reflete na corrida tecnológica. A guerra de chips é uma prova clara do que estou falando, afetando diretamente a produção e o comércio de processadores e placas gráficas.
Um lado ataca, o outro contra-ataca. Os EUA conseguiram banir a Huawei do país, e estão prestes a fazer o mesmo com o TikTok (via ByteDance). Mas os chineses não ficaram quietos, e foram para a retaliação. Na verdade, deram o troco antes do app de dancinhas ser expulso da terra dos comedores de hambúrguer.
Em 2022, a China aprovou a Diretiva 79, exigindo que empresas estatais substituam software estrangeiro por versões desenvolvidas localmente até 2027, pensando na autossuficiência tecnológica do país e minimizar riscos de segurança.
Na prática, era para expulsar o Windows da Microsoft nas estatais.
Estamos em 2024.
Pergunta se isso deu certo?
Windows manda
Mesmo com todos os esforços, o Windows da Microsoft ainda domina o mercado de PCs na China, com um domínio de até 80% dos desktops. O que deixa claro que é difícil substituir essa tecnologia.
Não dá para desenvolver software e hardware internamente em larga escala sem superar a inércia e resistência a mudanças que podem existir em qualquer país. E nem dá para culpar a China por tentar correr para o Linux para facilitar a expulsão do Windows do país.
A China lançou o OpenKylin, uma versão altamente personalizada do Linux, acreditando que isso seria o suficiente para reduzir a dependência do Windows. Mas a baixa adesão e as críticas par aa falta de inovação resultam na baixa penetração no mercado chinês dessa plataforma.
Ou seja, os chineses fracassaram na tentativa de contra-atacar em um segmento de mercado que importa muito para a China… e para os Estados Unidos também, pois a Microsoft é nada menos que a empresa com o maior valor de mercado do mundo (neste momento em que o artigo foi produzido, em 11 de junho de 2024).
Expulsar a Microsoft da China é um problema
E como se não pudesse piorar, a Microsoft está fincando bases no país asiático, e em um segmento ainda mais atraente que os computadores.
Recentemente, a gigante de Redmond anunciou um acordo com a Tencent para tornar os aplicativos Android disponíveis no Windows na China. E como a Microsoft capitaliza uma nota preta com o sistema operacional móvel mais utilizado do mundo…
Tudo bem. O objetivo de longo prazo da China pode até ser alcançado a longo prazo, e com alguma sorte o país consegue desenvolver uma tecnologia totalmente independente.
Se a mesma Huawei consegue sobreviver sem a tecnologia norte-americana (e é líder de mercado em um país com mais de 1 bilhão de habitantes), por que o governo chinês não pode sonhar com a liberdade do imperialismo do Windows?
Mas com o andar da carruagem (neste momento), o open source não vai livrar a China da dependência em se prender atrás de janelas norte-americanas (e essa é uma forma cretinamente poética para terminar um artigo).