Temos um duelo no mundo da tecnologia, que é tão ou mais importante quanto o embate “bolacha vs biscoito”: celulares básicos vs smartphones.
Os antigos líderes da revolução tecnológica que iniciou o hábito de sermos encontrados em qualquer lugar agora são conhecidos como “celulares básicos” em comparação com smartphones. E quando o seu telefone só faz e recebe ligações e, no máximo, envia e recebe chamadas de texto, ele é conhecido como um “dumbphone”. E eu nem preciso explicar direito a referência neste caso.
Mas está acontecendo um fenômeno surreal de recuperação dos celulares básicos no mercado. Os telefones com funções básicas estão lentamente recuperando participação de mercado devido a vários fatores, que serão compartilhados com você a partir de agora.
As novas gerações abraçaram os celulares básicos
Inicialmente limitados a mercados emergentes, os celulares básicos estão se tornando populares entre as novas gerações, que estão tentando se livrar de toda a pressão das redes sociais e do excesso de informações oferecidas pela internet.
Por incrível que pareça, são os mais jovens que estão procurando os telefones mais básicos para se sentirem melhor no mundo. E também para não ter os pais enchendo o saco pelo WhatsApp o tempo todo.
Nokia e TCL são fabricantes que apostaram nesse nicho de mercado, especialmente com reputação de durabilidade. Aliás, a empresa da HMD Global está aproveitando bem o legado da lendária marca finlandesa para capitalizar em cima dessa tendência de crescimento no uso dos celulares básicos.
Nos Estados Unidos, essa tendência de crescimento dos telefones básicos é mais que evidente, com previsão de venda de 2,8 milhões de unidades em 2023. Isso mostra que o setor de telefonia móvel está reconstruindo um segmento que estava praticamente morto, com expectativas de vendas estáveis a curto prazo e potencial crescimento no médio prazo.
Os benefícios dos celulares básicos
Esses dispositivos simples oferecem uma alternativa aos efeitos negativos dos smartphones, como por exemplo a comunicação básica e a ausência do excesso de distrações que são comuns com tantos aplicativos e plataformas de comunicação pela internet.
As operadoras norte-americanas estão impulsionando esse mercado, com seis delas oferecendo celulares básicos de vários fabricantes, incluindo as já mencionadas Nokia e TCL. Não podemos nos esquecer de que, no final das contas, tudo é um grande negócio, e os envolvidos querem lucrar em cima dos sinais compartilhados pelos próprios usuários.
A Geração Z e os millennials veem os telefones básicos como uma forma de desintoxicação digital em comparação aos smartphones. A prioridade pela manutenção da saúde mental se alinha de forma direta com o uso de um celular que faz o essencial para o dia a dia. E é no mínimo interessante ver essa tendência dos jovens em deixar de lado o excesso de tecnologia em pleno auge do mundo conectado.
Alguns recursos adicionais, mas com um baixo preço
Os “dumbphones” se tornaram menos burros com o passar do tempo, e hoje podem atender aos anseios de quem quer se desconectar do excesso de aplicativos, mas que não deseja ficar completamente isolado do mundo.
Alguns modelos recebem funcionalidades modernas e, dessa forma, não podem ser considerados telefones burros. Esses modelos um pouco mais espertinhos recebem o nome de “feature phones”, e oferecem algumas funcionalidades inteligentes, como WhatsApp, Google Maps e NFC para pagamentos.
Como resultado dessa equação entre tecnologia, simplicidade e acessibilidade, esses dispositivos têm preços muito mais baixos em comparação aos smartphones, tornando-os atraentes para o mercado em um sentido amplo.
Telefones básicos atendem não apenas às necessidades dos usuários de baixa renda, mas também aos que só querem ter um segundo celular para situações específicas, como shows de rock, idas na praia ou aquela trilha de final de semana.
Mesmo que no presente a participação do mercado não chegue perto do que foi em um passado onde dominavam o setor, os telefones básicos devem ganhar cada vez mais relevância nos principais mercados globais, e todos precisam ficar de olho nisso.
E ter um celular que faz o básico não é algo tão ruim de tempos em tempos. Em alguns momentos, tudo o que queremos na vida é descansar. E só conseguimos fazer isso em determinados momentos quando nos desconectamos por completo de aplicativos e outras plataformas conectadas.
O detox do smartphone é sim possível e vale a pena experimentar. Sua saúde mental agradece.