Sim… eu sei que o 5G ainda não está consolidado no Brasil, tal e como todo mundo gostaria que fosse (ou como deveria ser, pois pagamos caro pelo serviço). Mas as primeiras conversas sobre a implementação das redes de sexta geração já começaram em nosso país.
Carlos Baigorri, presidente da Anatel, afirma que o processo de implementação das redes 6G está em fase inicial de definição, especialmente quanto à alocação das faixas de frequência, com leilão no Brasil previsto para 2032-2033.
Vamos mostrar quais são os primeiros detalhes sobre esse planejamento, e qual é o caminho que a telefonia móvel brasileira terá que passar para implementar essa tecnologia de dados móveis que só deve vingar mesmo por aqui daqui a 10 anos.
O que temos no momento
O 6G, conhecido como IMT-2030, está sendo discutido globalmente mesmo com o 5G ainda em expansão, com previsão de comercialização por volta de 2032. Até lá, muito planejamento estratégico precisa ser feito, tanto no Brasil como em todo o planeta.
A União Internacional de Telecomunicações publicou o framework IMT-2030 em 2023, estabelecendo requisitos técnicos e critérios para o 6G.
O documento prevê 15 capacidades específicas, incluindo vídeo imersivo, aplicações industriais inteligentes, conectividade ubíqua, expansão de IoT, suporte nativo à inteligência artificial e sensoriamento com posicionamento de alta precisão, tudo alinhado aos objetivos de sustentabilidade do Acordo de Paris.
O 6G vai operar em frequências muito mais altas do que o atual 5G, possivelmente na faixa dos terahertz. O que resulta em questões técnicas mais complexas, como uma maior absorção atmosférica, dificuldade de penetração em obstáculos físicos, escassez de espectro e necessidade de coordenação internacional para liberação das faixas, tornando seu desenvolvimento um processo tanto tecnológico quanto político.
O 5G-Advanced precisa chegar antes
Antes do 6G, teremos o 5.5G (5G-Advanced), com velocidades de até 10 Gbps, latência reduzida, maior capacidade de conexão simultânea de dispositivos, melhor cobertura incluindo integração com satélites e eficiência energética aprimorada.
É uma fase intermediária que vai preparar o terreno para o salto tecnológico do 6G através de avanços na fabricação de chips e adaptação de infraestruturas.
Fase essa que é necessária inclusive para reduzir todo o impacto de transição, adaptando dispositivos, operadoras, usuários e as atuais estruturas de rede disponíveis neste momento.
As aplicações do 6G tendem a transformar diversos setores, como o agronegócio sustentável com comunicação máquina-a-máquina e sensores para monitoramento em tempo real, indústria e cidades inteligentes com telemedicina avançada e gestão eficiente de recursos.
Outro benefício direto que as novas redes de sexta geração devem oferecer é um maior potencial para a execução de experiências imersivas com realidade aumentada e virtual. E tudo isso, desenvolvido com foco em acessibilidade, segurança e resiliência.
O sucesso do 6G no Brasil dependerá não apenas de avanços técnicos, mas também da articulação política e colaboração global em um contexto geopolítico complexo. Todo mundo vai ter que abrir mão de alguma coisa para que o todo se beneficie desses avanços.
O que chama a atenção aqui é que, mesmo em fase conceitual, o 6G já entrega impactos profundos na sociedade, economia e meio ambiente, em um efeito muito diferente daquele que testemunhamos nas gerações anteriores de internet móvel.
Para alguns setores da sociedade, o 6G é sim esperado como uma grande mudança de chave na relação de profissionais com as redes móveis.
E quanto antes o Brasil se preparar para isso, melhor.
Via Canaltech