O aumento de preço dos planos do Game Pass é uma das decisões mais impopulares que Phil Spencer poderia tomar a essa altura do campeonato.
É um golpe que a Microsoft dá na cabeça dos gamers, em um movimento muito mais revelador do que parece. E não é só com o Xbox que os planos de assinatura estão ficando cada vez mais caros.
Já deu uma olhada nos preços que os sobreviventes estão pagando pelas plataformas de streaming?
Então… algumas camadas dessa história precisam ser analisadas, mesmo que a raiva atrapalhe um pouco a visão objetiva sobre o significado desses movimentos.
O que aconteceu com o Xbox Game Pass
Para começo de conversa, todos os planos receberam um aumento de valores de mensalidade, entrando em vigor de forma imediata para novos assinantes. Os atuais clientes vão sentir a dor no bolso a partir de setembro.
O Xbox Game Pass para Console acabou. Era a alternativa mais barata, pois não incluía os jogos para PC e o EA Play.
No seu lugar, entra o Game Pass Standard, que não inclui novos jogos no Dia 1, mas terá o mesmo preço do finado plano Console.
Aliás, apenas os planos PC e Ultimate recebem jogos no Dia 1. Os demais só terão esses jogos incluídos nos planos depois de algum tempo.
E o Game Pass Core segue recebendo uma pequena biblioteca de jogos para aqueles usuários que querem ter o mínimo de títulos na plataforma.
O que mais está gerando polêmica nas decisões da Microsoft é o fim dos lançamentos de Dia 1 nos planos mais acessíveis.
Foi uma forma da Microsoft capitalizar em cima de algo que era o grande diferencial do Game Pass, mas que agora está relegado aos clientes que pagam mais.
Um duro golpe no Game Pass
Todo mundo chegou a afirmar que o Xbox Game Pass era ‘a Netflix dos videogames’, e com uma certa dose de razão.
Afinal de contas, eram mais de 400 jogos disponíveis pelo valor de um único jogo, por mês, o que tornava a proposta acessível para a grande maioria dos jogadores.
Porém, uma coisa é certa: o que tornou o Game Pass realmente atraente para os jogadores era os jogos de Dia 1. A certeza de poder jogar aquele game tão logo ele chegava ao mercado.
O aumento de preços e o lançamento do plano Standard acabam com essa boa tradição. É claro que o reajuste gerou críticas de muitos, mas foi a forma que a Microsoft encontrou para capitalizar em cima do seu ativo mais importante.
E o movimento da Microsoft foi sim pensado.
Os aumentos de preços e as mudanças nas regras do Dia 1 acontecem um poco antes do lançamento de Call of Duty: Black Ops 6 (chega ao mercado em outubro), um jogo que certamente vai catapultar as assinaturas dos planos mais caros do Game Pass.
Ao mesmo tempo, Phil Spencer sabe que os gamers estão aos poucos buscando diferentes plataformas para rodar os seus jogos. Por isso, a nova exclusividade do Dia 1 está nos planos Ultimate (que permite rodar o jogo na nuvem) e no PC.
Muitos especialistas afirmaram ao longo do tempo que o modelo de negócio do Xbox Game Pass era algo insustentável, e o tempo mostrou que essa galera tinha razão.
O Game Pass é uma forma incrível de iniciar no ecossistema Xbox, mas faltou para a Microsoft a perspicácia de dinamizar o formato para que as contas começassem a fechar.
Economia podre
A Microsoft quer que os gamers joguem mais no PC, e isso é fato. Tanto, que o Game Pass para PC é bem mais barato e mantém as estreias de Dia 1.
Considerando o fato de que as vendas de consoles estão despencando, não chega a ser surpresa ver a Microsoft oferecendo benefícios maiores para os jogadores de PC.
A gigante de Redmond vence por várias pontas neste aspecto. Impulsiona as vendas de computadores com Windows, reduz os custos operacionais (pois produzir e distribuir consoles de videogames sai bem mais caro do que oferecer um sistema operacional que hoje chega até o usuário via download) e aumenta a margem de lucros de todo o processo.
No final das contas, a Microsoft está lidando do seu jeito com a tal “economia podre”.
Quem fala em “economia podre” é Rod Zitron em sua newsletter. O termo se refere à tendência na indústria de tecnologia de não mais ser necessário ter bons produtos, desde que as empresas ganhem mais dinheiro com eles.
Ou seja, este é mais um artigo onde deixo um lote de evidências que apontam para o fim do console Xbox no futuro. O que interessa para a Microsoft é manter a roda do Game Pass girando de alguma forma.
O problema é que o próprio Game Pass começa a dar sinais de cansaço, assim como outros serviços de assinatura online.
Evidências dessa fraqueza conceitual dos planos de assinatura estão no aumento de preços dos planos e no fechamento de estúdios por parte da Microsoft.
Esse “cabo de guerra” para enxugar a máquina pode não funcionar com o passar do tempo. Phil Spencer está mesmo muito desesperado para realizar esses movimentos.
Sinal dos tempos de uma indústria de videogames em crise mais do que escancarada.