O Papa Francisco partiu deixando marcas profundas na história da Igreja Católica, em um papado considerado revolucionário por modificar alguns parâmetros conservadores da religião e se envolver de forma mais direta em temas sociais, ambientais e tecnológicos.
Seu comando pregava o espírito de mudança, e nada mais do que natural que, de tempos em tempos, ele compartilhasse com o mundo as suas opiniões sobre como ele via a nossa relação com os dispositivos eletrônicos, principalmente os smartphones conectados à internet.
Vamos compartilhar com você a última mensagem que o Papa Francisco compartilhou com o mundo sobre o uso da tecnologia e como nos relacionamos com ela.
Tecnologia como ponte, não barreira
Em um de seus últimos vídeos divulgados oficialmente — como parte da série “O Vídeo do Papa”, publicada mensalmente no YouTube — Francisco compartilhou sua intenção de oração para abril: uma reflexão sobre o uso das novas tecnologias.
“Use a tecnologia para unir, não para dividir”, declarou.
A fala, curta e tocante, tinha um tom de advertência, mas também de esperança.
Com sua fala mansa e firme, Francisco questionou o quanto os dispositivos móveis, tão presentes em nossas vidas, estariam prejudicando nossa capacidade de criar laços genuínos. “O quanto eu gostaria que olhássemos menos para as telas e mais nos olhos uns dos outros”, disse ele, expressando uma preocupação cada vez mais atual em tempos de hiperconexão e isolamento silencioso.
Hoje, mais da metade da população mundial possui um smartphone, e o dispositivo que aproxima as pessoas também pode ser um catalizador da solidão.
Francisco abordou o paradoxo da era digital que nos cerca neste momento: estamos constantemente conectados, mas cada vez mais sozinhos.
Ele alertou para os riscos do uso excessivo dos celulares, que podem nos afastar das pessoas reais ao nosso redor, transformando interações humanas em simples notificações.
A crítica não se direciona contra a tecnologia em si, mas à forma como a utilizamos. Ao destacar que “a tecnologia é fruto da inteligência que Deus nos deu”, Francisco reforçou que o problema está no desequilíbrio.
Para ele, o desafio da era moderna está em garantir que o progresso digital respeite a dignidade humana e não exclua os mais vulneráveis.
A desigualdade digital como novo desafio ético
O Papa também fez questão de lembrar que o acesso à tecnologia ainda é desigual nas diferentes regiões do planeta.
Em suas palavras, o uso ético das inovações deve buscar inclusão, não exclusão. A inteligência humana, por mais brilhante que seja, falha se seu produto não está a serviço do bem comum. Francisco vai além, questionando se a tecnologia está enriquecendo nossas vidas ou empobrecendo a nossa existência.
É uma provocação que ressoa fortemente em tempos de algoritmos que definem realidades e redes que moldam opiniões.
A proposta de Francisco não é regressiva, mas propõe uma transformação. Ele acredita que a tecnologia deve ser uma aliada para resolver problemas reais, como ajudar os pobres, cuidar dos doentes, apoiar pessoas com deficiência e proteger o planeta.
Por fim, o Papa apela que o digital não substitua os vínculos humanos, mas os fortaleça. E que, no lugar de reforçar muros, a tecnologia seja capaz de construir pontes.
Em sua última mensagem audiovisual, Francisco concluiu com um pedido de oração por mais humanidade, e que as novas tecnologias sirvam ao bem, respeitem a dignidade das pessoas e nos ajudem a enfrentar as crises contemporâneas com empatia, responsabilidade e presença.
Podemos interpretar a última fala de Papa Francisco em vídeo como um convite para um olhar além da tela, resgatando o contato humano e refletindo sobre o lugar que a tecnologia ocupa em nossas vidas.
Um convite para o uso da tecnologia com propósito, consciência e compaixão.