O Australian Open adotou uma abordagem que está se tornando cada vez mais popular para evitar conflitos de licenciamento em suas transmissões ao vivo no YouTube.
Em algumas partidas, jogadores e quadras são representados por animações que imitam os movimentos e ações em tempo real dos jogadores reais.
Dessa forma, o torneio pode ter os seus jogos transmitidos pelo YouTube sem infringir os acordos de exclusividade firmados com redes de televisão e serviços de streaming globais.
Além disso, é uma maneira de aproximar o tênis das gerações mais novas, mais especificamente as crianças, que estão abraçando as modalidades esportivas a partir de uma proposta mais lúdica na estética.
A tecnologia por trás das animações
A solução tecnológica foi implementada pela Tennis Australia, que utiliza 12 câmeras para capturar os movimentos dos jogadores em tempo real.
As imagens são processadas para mapear a silhueta humana em 29 pontos no esqueleto virtual, gerando a animação com um pequeno atraso de dois minutos.
Embora ainda tenha limitações técnicas na proposta — como a ausência de detalhes como dedos e erros em roupas e calçados — a tecnologia é promissora e representa um avanço na maneira como eventos esportivos podem ser adaptados para diferentes plataformas.
Uma tendência para o futuro
As transmissões animadas preservam elementos fundamentais da experiência esportiva, como os sons da bola, os ruídos da torcida e os comentários ao vivo.
Apesar disso, o visual ainda apresenta alguns problemas que são típicos de uma tecnologia que, apesar de já ser conhecida por outras experiências, ainda está nos seus estágios iniciais de desenvolvimento.
Por exemplo, durante uma partida, o top animado de Naomi Osaka parecia rasgado, e os calçados dos jogadores frequentemente invadiam a quadra virtual.
São detalhes evidenciam que, embora a tecnologia seja funcional, ainda há espaço para aprimoramentos significativos.
O Australian Open não é o único evento esportivo a experimentar transmissões alternativas. Exemplos incluem a transmissão do Super Bowl LVIII, em que animações da Nickelodeon, como Bob Esponja e efeitos de slime, foram adicionadas para atrair um público mais jovem.
Da mesma forma, a NFL realizou a transmissão de jogos com animação em parceria com a Nickelodeon e a ESPN, demonstrando como a personalização das transmissões pode diversificar as formas de engajamento com os espectadores.
A tecnologia usada pelo Australian Open representa mais um passo na personalização das transmissões esportivas com o objetivo de conquistar novos públicos.
A possibilidade de oferecer experiências visuais adaptadas para diferentes plataformas abre um novo leque de oportunidades para a indústria esportiva, tanto no aspecto técnico quanto no comercial.
Algo que se faz necessário, uma vez que os eventos esportivos precisam competir com outros formatos de entretenimento, como o cinema via streaming e os videogames.
Via The Verge