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As crianças devem usar um Apple Watch?

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Cada vez mais os pais norte-americanos estão presenteando os seus filhos entre 5 e 8 anos com relógios Apple Watch, algo que muitos psicólogos classificam como preocupante. E, mesmo que alguns adultos estejam “conscientes” sobre os efeitos da tecnologia em idades tão precoces, eles preferem que o uso aconteça no caso do smartwatch.

Aqui, dá para perceber que estamos diante de uma geração de pais que não é completamente leiga no mundo da tecnologia, e está se valendo de sua experiência para “passar a perna” nos seus filhos, em nome dos interesses dos próprios adultos.

Antes de ser processado por pais e/ou filhos, vou mostrar neste post qual é o principal argumento para que os pais norte-americanos queiram que os seus filhos com idades abaixo dos 8 anos usem o Apple Watch.

E me arrisco a dizer que alguns pais brasileiros que eu conheço farão o mesmo (se tiverem condições financeiras para comprar um Apple Watch, evidentemente).

 

Estou de olho em você, meu filho!

Esse comportamento de coletivo foi detectado pelo jornal The New York Times, e todos os pais entrevistados confirmaram que presentearam os seus filhos com um Apple Watch. E o motivo é bem lógico. Um tanto quanto invasivo, mas que faz todo o sentido do mundo quando olhamos para a tecnologia existente.

Os pais norte-americanos estão presenteando os seus filhos pequenos com o relógio inteligente da Apple com o único objetivo de obter a localização das crianças de forma constante. E isso é possível através dos próprios ajustes do smartwatch, com o bônus desse dispositivo não oferecer os mesmos riscos de vício que um smartphone oferece.

Essa tendência pode se estender aos adolescentes, já que pelo menos 31% dos jovens norte-americanos usam um relógio inteligente (pesquisa realizada em 2020), e todos eles estão (em teoria) sujeitos ao monitoramento dos pais sem maiores problemas ou dificuldades, e com o mínimo de efeito invasivo ou viciante.

Ou seja, o ganho dos pais é praticamente garantido, apesar de considerar um tanto quanto inconveniente o fato dos filhos não serem informados que o Apple Watch pode fazer esse “pequeno favor” de monitoramento dos seus passos.

 

Até os fabricantes de smartwatches estão de olho nas crianças

Os fabricantes de smarwatches entenderam que os pais estão usando os seus dispositivos para monitorar o passo das crianças, e também sabe que os mais jovens estão utilizando esse gadget de forma mais frequente. Logo, estão preparando os produtos para serem mais amigáveis para esses grupos etários.

Um dos exemplos mais flagrantes dessa mudança de visão de mercado dos fabricantes de relógios inteligentes é a própria Apple, que lançou o Apple Watch SE em 2020.

Tal e como acontece com o iPhone SE, o Apple Watch SE possui funções mais limitadas, é bem mais barato que a versão mais completa do relógio inteligente da gigante de Mountain View, e uma proposta estética muito mais atraente para os usuários mais jovens.

Mas o que muita gente se esquece é que esse mesmo Apple Watch SE conta com um recurso “escondido” chamado Função Família. E é essa ferramenta que permite aos pais realizar o monitoramento da localização dos seus filhos, limitar as pessoas com quem ele pode entrar em contato e o volume de notificações que o dispositivo dele vai receber.

Ou seja, os pais que já são proprietários de um iPhone acabam presenteando os seus filhos com um Apple Watch para unir o útil ao agradável. Seus filhos tendem a gostar de produtos da Apple, que tem um relógio inteligente mais independente que os dispositivos da concorrência, ao mesmo tempo, permitem esse monitoramento das atividades das crianças de forma mais prática e eficiente que nos telefones.

Além disso, as crianças podem utilizar um dispositivo de tecnologia que conta com limitações nativas que não estão presentes em um smartphone, como a ausência de realizar chamadas telefônicas, a indisponibilidade de acesso aos aplicativos de redes sociais, a impossibilidade de realizar compras pelo dispositivo, a prática do sexting e outros perigos associados.

 

Os especialistas ainda não concordam com os pais

Nem todo mundo está contente com a introdução da tecnologia portátil em uma idade tão precoce. Os especialistas defendem que as crianças correm o risco de se tornar dependentes dos gadgets antes de alcançarem uma idade em que poderão formar uma opinião própria sobre esses dispositivos.

Sim, os relógios inteligentes podem ser uma solução mais eficiente e menos nociva que os smartphones para os menores. Mas os smartwatches não são capazes de substituir por completo os telefones.

As crianças entre 5 e 8 anos que já usam um Apple Watch acabam recebendo um iPhone aos 11 anos de idade. Por que? Porque “todo mundo da minha classe tem”, e nenhuma criança quer se sentir inferior em relação ao colega de classe.

Ou seja, os pais acabam sendo sabotados pelo “comportamento de rebanho” que acontece com todos os grupos da sociedade, em diferentes faixas etárias. Principalmente com as crianças em um momento da vida onde a personalidade começa a se formar.

E isso pode ser enorme perigo para a saúde mental da criança.

O ideal seria que o smartwatch substituísse o smartphone nas crianças a partir dos 11 anos, e não aos 5. Caso contrário, ele só está antecipando o início da vida digital dele, sendo este o estágio inicial para uma transição que vai acontecer na mesma idade que as demais crianças. E aqui, usar um relógio inteligente não vai agregar nenhum benefício ao seu filho.

Ou seja, tudo nessa vida tem um ônus e um bônus. E seu filho pode sofrer as consequências diretas de decisões que aparentemente são benéficas, mas que podem resultar em efeitos práticos ainda piores do que aqueles inicialmente planejados.

Meu conselho, como um indivíduo que fez parte da última geração que soube o que era ter um brinquedo nas mãos é: faça o que for possível para que o seu filho seja uma criança feliz, com uma infância completa e saudável. Depende dos pais a base de uma estabilidade emocional que é construída nos primeiros anos da vida. E não é a tecnologia que vai fazer aquilo que é a sua obrigação na vida.


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