A Netflix provou que seu modelo de negócios era rentável, e todas as grandes empresas de mídia queriam ter seu próprio serviço de streaming, querendo uma fatia do bolo. Na lista das famintas estão Warner, Paramount, Amazon e Apple.
A corrida acirrada resultou em uma guerra do streaming, com cada plataforma investindo bilhões para conquistar assinantes e se destacar no mercado.
Mas aparentemente apenas a Netflix venceu e prevaleceu, e cada plataforma revê os planos do seu jeito. A Apple, por exemplo, está pensando em parar de gastar tanto dinheiro em séries aclamadas e de qualidade, mas que (quase) ninguém assiste.
Muito dinheiro gasto, pouca visibilidade
A Apple TV+ chama a atenção por sempre investir altos orçamentos de suas produções, como as séries “Silo”, “Fundação” e “Separação”, e filmes como “Os Assassinos da Lua das Flores”, “Napoleão” e “Argylle”, com um total de mais de 500 milhões de dólares.
Apesar de todo o dinheiro gasto, a plataforma atrai por mês menos visualizações do que a Netflix consegue em um único dia, representando apenas 0,2% dos minutos televisivos diários nos Estados Unidos, contra 8% da Netflix.
Eddy Cue, vice-presidente de serviços da Apple, pediu aos chefes do estúdio, Zack Van Amburg e Jamie Erlicht, que controlem os orçamentos para tentar tornar o negócio do streaming sustentável.
A Apple não divulga números exatos sobre os prejuízos da Apple TV+, e o fato de ainda não ter demitido funcionários (diferente de Disney e Paramount) não significa que não estejam enfrentando dificuldades.
Só quer dizer que está se esforçando ao máximo para manter a divisão de streaming, pois acredita que ela pode ser rentável no futuro.
O que a Apple aparentemente não percebe (ou já percebeu, mas não dá o braço a torcer) é que o negócio do streaming pode levar pelo menos uma década para dar lucros sustentáveis.
E o exemplo claro do que estou falando é justamente a plataforma líder de mercado neste momento: a Netflix.
A realidade do mercado de streaming
Atualmente, apenas a Netflix consegue lucros reais com seu serviço de streaming, enquanto os demais lutam para reduzir prejuízos, como Disney+, Max e Peacock.
A grande diferença da Netflix para todas as gigantes do setor é que ela veio “do nada”. Ou seja, não era uma grande produtora ou empresa de tecnologia.
Logo, sua perspectiva de crescimento veio a partir de fatores como a disposição dos investidores em colocar bilhões de dólares no negócio e a enorme boa vontade e (principalmente) paciência em esperar essa lucratividade chegar.
A mesma Netflix investiu nada menos que uma década, torrou pilhas de dinheiro e cortou na própria carne a ponto de acabar com a divisão de contas para obter lucros.
E todos os seus movimentos (incluindo os mais polêmicos, como o aumento de preços de mensalidades) fizeram total sentido… para uma empresa que veio “do nada”.
Para as gigantes do setor, que já gastavam muito e não faziam a menor ideia de como era o mercado de streaming, tenho dúvidas se terão a paciência toda que os investidores da Netflix tiveram para obter os lucros de tantos investimentos.
Para a maioria das plataformas, a conta não vai fechar da mesma forma que a Netflix. E isso está mais do que claro.