No início do ano, a Apple alertou que os resultados fiscais do primeiro trimestre fiscal de 2019 seriam um pouco menores do que o esperado. Agora, sabemos o quanto significa a expressão “um pouco” para Tim Cook e companhia.
A Apple anunciou as receitas para o quarto trimestre de 2018 em US$ 84,3 bilhões, em comparação com os US$ 84 bilhões esperados após a revisão, que originalmente estimavam na faixa entre US$ 89 bilhões e US$ 93 bilhões.
Enquanto as receitas de serviços e outros produtos aumentaram 19% em relação ao ano passado, as receitas do iPhone despencaram em 15% em comparação com o primeiro trimestre fiscal do ano passado. É a primeira vez que tanto a receita quanto os lucros do iPhone caíram desde o lançamento do smartphone, há mais de uma década.
O trimestre mais forte é um pouco menos forte
A Apple antecipou em novembro do ano passado que não divulgaria mais os números de vendas. Logo, não podemos comparar como o trimestre foi em unidades vendidas em relação aos anos anteriores.
A única informação sobre o assunto que a Apple revelou é que existem nesse momento 900 milhões de iPhones ativos, 64% dos 1.4 bilhão de dispositivos que a empresa possui. É claro que nem todos esses iPhones foram adquiridos durante o primeiro trimestre de 2019, e essa foi uma das causas da revisão do número de vendas para baixo: aqueles que resistiram a atualizar os seus dispositivos.
Tradicionalmente, o primeiro trimestre do ano fiscal é o mais forte para a Apple, já que cobre de outubro a dezembro e inclui o primeiro período de vendas dos novos smartphones durante o período natalino. Este primeiro trimestre fiscal de 2019 segue a mesma tendência, e registra um aumento nas receitas de 34% em relação ao trimestre anterior, embora muito abaixo do aumento de 67% registrados no ano passado.
É a primeira vez que o primeiro trimestre do ano fiscal da empresa não quebra o recorde do ano anterior desde a era do iPhone, e este declínio de 15% na receita de iPhone arrastou a receita total a uma redução de 5% em comparação com o ano passado, apesar do fato de que as demais linhas de produtos, incluindo serviços, Mac, iPad e Wearables, registrem uma alta nas receitas de 19%.
A Apple já nos alertou há algumas semanas que haveria vários fatores que explicariam a (agora confirmada) quedas nas receitas dos iPhones, e um deles foi o tempo que eles estavam disponíveis para venda. Enquanto a maior parte das vendas da geração anterior se concentrou no primeiro trimestre, o iPhone XS, o iPhone XS Max e o iPhone XR estão divididos entre este e o anterior.
Os problemas na China
A China é uma dor de cabeça para a empresa de Cupertino. Também foi antecipado por Tim Cook em sua carta aos investidores essa questão, e vemos isso se materializar nos números de receita por regiões. Somente as regiões das Américas e da Ásia-Pacífico têm um pequeno crescimento, enquanto as quedas no restante do planeta foram confirmadas. E a China, como não, registrou uma queda de 26,7% nas receitas em comparação com o ano anterior.
Curiosamente, os problemas na China vão além de ter concorrentes como Huawei ou OPPO, que lançam smartphones pela metade do preço e a guerra comercial com os Estados Unidos. O diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, disse que também é, em parte, devido aos jogos. Ou, mais especificamente, da falta de jogos.
Durante o ano passado, as autoridades chinesas pararam de revisar e aprovar jogos para smartphones, de modo que novos jogos não chegaram à App Store até o final do ano passado, quando novos títulos começaram a ser aprovados com droppers.
A App Store chinesa é uma importante fonte de renda, de acordo com Luca Maestri, em um mercado que movimenta hoje US$ 34 bilhões, sendo assim o líder global nesse segmento, e a ausência de novos títulos, mesmo sendo uma ausência de forma temporária, está afetando diretamente os negócios da Apple naquela região.
Via Apple