O Apple Intelligence é uma realidade, e apenas uma parcela dos atuais proprietários do iPhone terá acesso a todos os seus recursos, mesmo com uma inchada lista de dispositivos que vão receber o iOS 18.
Nada acontece por acaso na Apple, e essa fragmentação na presença da Inteligência Artificial no iPhone é a tempestade perfeita para que a gigante de Cupertino alcance um objetivo muito importante para a empresa: aumentar o volume de vendas do seu smartphone.
Isso é algo tão óbvio e lógico, que a existência deste artigo quase materializa a cretinice desse movimento.
O hardware limita tudo, mesmo sendo poderoso
A Apple entregou um hardware poderoso nas últimas versões do iPhone (inclusive pelo fato do processador ser fabricado pela própria Apple), mas isso não impediu uma certa segregação na hora de incluir a IA nos telefones da marca.
Apenas os modelos iPhone 15 Pro e iPhone 15 Pro Max poderão utilizar as novas funcionalidades do Apple Intelligence. E o motivo para essa decisão é o mais óbvio do mundo: a presença da Unidade de Processamento Neural (NPU) no processador A17 Pro presente nesses modelos.
Só o A17 Pro (em teoria) tem a potência necessária para executar os novos algoritmos do Apple Intelligence. A Apple não entrou em maiores detalhes para tomar essa decisão, e nem sobre como a IA vai funcionar no iPhone 15, 15 Plus e inferiores (se é que vai funcionar).
Só podemos deduzir que a NPU dos chips A16 Bionic não dão conta do Apple Intelligence… e que a Apple encontrou o cenário perfeito para incentivar os usuários a trocar de iPhone para usar a IA no dispositivo.
Você não é obrigado a trocar de iPhone
Sei que a experiência do Apple Intelligence deve ser “mágica e revolucionária” #ironia, mas preciso lembrar para os mais leigos que não é necessário trocar de iPhone para usar uma Inteligência Artificial no dispositivo.
As gerações anteriores do iPhone podem acessar o ChatGPT e outros chatbots via aplicativo ou pelo site oficial. A grande diferença aqui é que os algoritmos vão trabalhar na nuvem e não por processamento local.
Tecnicamente, não há motivos para que o Apple Intelligence não funcione de forma nativa nos modelos antigos no iPhone, e analistas afirmam que a Apple está se valendo disso para impulsionar a venda dos novos modelos do seu smartphone.
Uma estratégia que pode sim funcionar para a Apple. Pode e (dependendo do ponto de vista) precisa funcionar, ainda mais considerando o fato de que o iPhone 16 está chegando.
O novo iPhone é mais importante que parece para a Apple, pois as vendas dos telefones da empresa caíram 10% no primeiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Lembrando que o Apple Intelligence está disponível inicialmente nos EUA e em inglês, e que a nova IA só deve chegar com seus recursos completos e em português para o Brasil no primeiro trimestre de 2025.
Até lá, já teremos um novo iPhone 16 no mercado, e o advento da Inteligência Artificial já será o principal argumento de vendas para este modelo (e para o iPhone 15 Pro e Pro Max também).
Dá até para imaginar um iPhone 16 como um “mais do mesmo” no design e recebendo melhorias marginais nas câmeras. A Apple nem precisa se esforçar muito nesses campos dessa vez.
Pois o grande “killer app” do novo iPhone dessa vez é o Apple Intelligence.
A Inteligência Artificial é a nova protagonista de uma Apple que ficou morrendo de medo de falar sobre esse tema em um passado não muito distante.
Veja só como são as coisas.