O cenário da Intel neste momento? Puro caos!
A saída abrupta de Pat Gelsinger com menos de quatro anos no posto de CEO teve como justificativa oficial a sua aposentadoria. Horas depois, relatos indicam que, na verdade, o executivo foi expulso pelo conselho administrativo da empresa.
A decisão foi motivada pela insatisfação com a gestão de Pat, que não só foi conservadora como extremamente equivocada e ineficiente. De fato, ele não se deu conta de que AMD e Nvidia avançaram demais no mercado, não apostou o suficiente na Inteligência Artificial e, basicamente, perdeu o bonde da história, ficando para trás em um setor que avança em uma velocidade assustadora.
Então… o que diabos está acontecendo com a Intel?
Ficou para trás
A Intel perdeu muito terreno em segmentos importantes do mercado de tecnologia.
Fracassou miseravelmente no mercado de smartphones, em parcerias que não deram em nada. A ASUS até hoje se lembra como foi ter os seus processadores nos primeiros telefones da marca, e o único ponto positivo dessa união é que os dispositivos da marca contam hoje com ótima autonomia de bateria.
No campo da Inteligência Artificial, foi vergonhoso ver a Intel como uma esquecida no churrasco da última edição da Computex, que apresentou novidades com (praticamente) todos os outros fabricantes de processadores.
E por tabela, os recentes chips da Intel apresentaram diversos problemas de funcionamento, com usuários frustrados com uma gigante do setor que, em um passado não muito distante, era sinônimo de eficiência e excelência em processadores.
Agora, pense que a Intel também fornece chips que são utilizados na segurança nacional dos EUA, inclusive para reduzir a dependência de Taiwan neste aspecto… e seus processadores começam a apresentar falhas críticas que comprometem sistemas informáticos ao redor do mundo.
É a pior imagem que a empresa pode vender para o grande público.
Onde a culpa é só do Gelsinger?
Pat Gelsinger era visto como um líder promissor.
Ele tinha uma longa história de serviços prestados na Intel, e apresentou planos ambiciosos para recuperar a liderança no setor de processadores.
E na época que esses planos foram revelados, alguns especialistas alertaram que eram visões ousadas demais e, ao mesmo tempo, que não saíam do “mais do mesmo” em só entregar novos produtos, mas não produtos inovadores ou disruptivos.
Pat teve a pachorra de prometer entregar cinco gerações de processadores em quatro anos. Algo que, para muitos, era considerado algo impossível de ser alcançado, ainda mais por uma empresa que não estava tão bem das pernas nos aspectos financeiros.
Bom… dinheiro não foi exatamente o problema aqui.
A Intel fez expressivos investimentos em novas tecnologias e fábricas para desenvolvimento de novos chips. Mas não adianta ter dinheiro se você não sabe o que fazer com ele.
O grande erro de Gelsinger ao longo de sua gestão (e ele mesmo reconhece essa e outras decisões equivocadas que tomou como CEO da Intel) foi não apostar na tecnologia EUV (litografia extrema ultravioleta), que se tornou a base da fabricação moderna de chips.
AMD e Nvidia fizeram a sua parte, investindo recursos no desenvolvimento do EUV nos seus processadores. Aliás, a AMD foi tão persistente nessa aposta, que conseguiu o impossível: ultrapassar a Intel no desempenho dos seus processadores mais potentes.
E fez isso, garantindo uma maior eficiência energética, o que sempre chama a atenção dos usuários.
Diante do cenário que se tornou desesperador, Gelsinger decide demitir mais de 15 mil funcionários de uma única vez, além de paralisar projetos que eram considerados por ele não essenciais.
Tudo isso, só para cortar custos de um dinheiro que ele mesmo investiu de forma equivocada.
E o salário de Pat permanecia intacto.
O reflexo imediato foi uma queda de moral generalizada dos funcionários da Intel, e uma produção ainda mais débil. O desenvolvimento tecnológico desacelerou.
E tudo isso culminou na maior crise da história da empresa.
Como será o amanhã?
Responda quem puder.
A Intel ainda é uma empresa lucrativa, mas só registra prejuízos nos últimos trimestres. A queda financeira no terceiro trimestre de 2024 foi a maior de sua história, escancarando uma crise que só aumentou com a saída de Gelsinger.
Logo, não é uma teoria da conspiração ou um rumor exagerado uma possível expulsão de Pat do posto de CEO.
Qualquer grupo investidor teria feito exatamente isso se testemunhasse o seu dinheiro sendo queimado em uma enorme fogueira comandada por alguém que perdeu o bonde da história, sem entender os avanços no setor.
Agora, o conselho administrativo da Intel possui um enorme abacaxi nas mãos para descascar neste Natal. Uma profunda reestruturação da empresa, uma divisão das operações ou até mesmo a venda para outra gigante.
Todas as opções estão soba mesa neste momento.
E eu começo a ter pena do pobre coitado que assumir o posto de CEO de uma Intel que está totalmente à deriva, com um futuro mais incerto que as minhas questões financeiras.