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Adeus, dancinhas: TikTok fora do ar nos EUA

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“Desculpe, o TikTok não está disponível neste momento.”

Não precisou esperar chegar 19 de janeiro de 2025 para que o TikTok fosse retirado da internet dos norte-americanos.

A frase que começa o artigo surgiu como uma espécie de epitáfio digital para, pelo menos, 170 milhões de usuários dos EUA. E foi assim que o mundo dos filtros bonitos, coreografias constrangedoras e trends desapareceram para os comedores de hambúrguer.

Que, de forma quase imediata e inebriados pelo cheiro de pipoca da noite anterior, começaram a tocar os dedos rapidamente na tela do smartphone para reclamar (e muito) no X.

 

TikTok banido dos EUA: eu fui!

Em torno de 21h da noite de ontem (18), uma mensagem de aviso começou a aparecer no aplicativo do TikTok para os usuários norte-americanos, informando o que iria acontecer nas próximas horas:

    Lamentamos que uma lei dos EUA que proíbe o TikTok entre em vigor em 19 de janeiro e nos force a tornar nossos serviços temporariamente indisponíveis.

    Estamos trabalhando para restaurar nosso serviço nos EUA o mais rápido possível e agradecemos seu apoio. Por favor, fique atento.

Mas às 22h30, o aplicativo começou a ser efetivamente bloqueado, e a mensagem era outra:

    Desculpe, TikTok não está disponível neste momento

    Uma lei que proíbe o TikTok foi promulgada nos EUA. Infelizmente, isso significa que você não pode usar o TikTok por enquanto.

    Temos a sorte de o presidente Trump ter indicado que trabalhará conosco em uma solução para restabelecer o TikTok assim que ele assumir o cargo. Por favor, fique atento!

Os primeiros segundos de choque foram silenciosos, mas logo o caos emergiu nas plataformas digitais.

Em um apartamento de Nova York, Kimberly, uma influenciadora de 22 anos que dançava com mais frequência do que respirava, encarou a tela com olhos arregalados. “Como assim, o TikTok acabou? E agora, onde eu vou mostrar meu tutorial de 47 passos para fazer gelo gourmet?”

O desespero foi tanto que ela abriu o Facebook pela primeira vez em três anos e, em um ato de pânico absoluto, postou um textão. Algo que começava com “Essa é a ditadura digital!” e terminava com emojis de fogo.

Enquanto isso, em uma casa nos subúrbios de Chicago, Mike, um pai de 40 anos que recentemente se aventurava em vídeos de churrasco com cortes de carne dignos de novela mexicana, olhou para a mensagem de erro no aplicativo como se tivesse perdido um membro da família.

“Sem o TikTok, como vou saber qual é o próximo tempero hipster que preciso comprar?” pensou um depressivo Mike enquanto olhava que nem um paspalho para a tela do smartphone.

Por outro lado, a esposa se sentia aliviada pela expulsão da rede social, e já escondia a churrasqueira portátil que ele comprou porque estava “viralizando” na plataforma.

Nas escolas e universidades, o impacto foi comparável ao cancelamento de uma temporada final de uma Game of Thrones da vida.

Colecionadores de “likes” andavam pelos corredores como zumbis, perguntando aos colegas: “Você viu o último vídeo da Jade antes de tudo cair?”

Grupos improvisados surgiam em estacionamentos, onde jovens seguravam smartphones e tentavam recriar as coreografias de memória. O problema era que, sem a referência visual, ninguém sabia exatamente onde começava o movimento do quadril e terminava o das sobrancelhas.

Jovens.

E enquanto o povo comum lamentava a perda de sua dose diária de vídeos de gatos e dublagens ruins, no alto escalão político, uma disputa mais cômica que dramática se desenrolava.

 

O jogo de empurra

O governo Biden, em um tom quase debochado, afirmou, com todas as letras, que o “problema agora era do Trump”.

Já Donald Trump, por sua vez, aparecia em conferências dizendo que, sim, o TikTok podia voltar, desde que “alguém me convença com um bom negócio” — o que, vindo dele, soava mais como um leilão do que como política pública.

No meio de tudo isso está a ByteDance, que observa o caos com uma expressão de quem sabia que sua “briga de casal” com o governo americano estava longe de acabar.

No fundo, parecia que ninguém realmente queria o fim do TikTok. Mas, como todo bom reality show, os protagonistas preferiam prolongar o drama.

Claro que as consequências começaram a aparecer. Lojas de aplicativos como Apple e Google retiraram não só o TikTok, mas outros aplicativos da ByteDance.

Até o CapCut, excelente editor de vídeos, simplesmente desapareceu, deixando os produtores de conteúdo desesperados. Era como perder um liquidificador no meio de uma dieta de smoothies.

A lista de aplicativos da ByteDance que estão banidos dos EUA neste momento é essa aqui:

  • TikTok
  • TikTok Studio
  • TikTok Shop Seller Center
  • CapCut
  • Lemon8
  • Hypic
  • Lark – Team Collaboration
  • Lark – Rooms Display
  • Lark Rooms Controller
  • Gauth: AI Study Companion
  • Marvel Snap

Enquanto isso, usuários inconformados começaram a experimentar apps alternativos chineses (até mesmo como voto de revolta à decisão tomada), mas nada parece preencher o vazio emocional de um verdadeiro TikTok.

Mesmo com o TikTok fora do ar, a memória do aplicativo parecia mais viva do que nunca. Hashtags como #RIPTikTok e #BringBackTheClock dominaram o Twitter, e pessoas compartilhavam vídeos antigos no Instagram como se fossem relíquias preciosas de um passado perdido.

Alguns até afirmavam que, sem o TikTok, estavam descobrindo coisas inusitadas, como o prazer de ler um livro ou a existência de janelas.

 

Vai voltar?

No entanto, a grande questão paira no ar: o TikTok vai voltar nos EUA?

Boatos apontavam que Trump tinha planos de criar uma campanha de dancinhas políticas para 2028, o que exigiria o retorno triunfal do app. E eu estou zoando nessa parte do artigo.

Trump deve emitir uma ordem executiva para autorizar o retorno da plataforma. Para isso, vai ter que fazer algum tipo de contorcionismo político que ainda não sabemos qual.

Mas já deu o primeiro passo nesse sentido, pois hoje cedo (19) já anunciou uma extensão de 90 dias para o prazo de venda do TikTok.

Por outro lado, a ByteDance parecia inflexível. Talvez porque, no fundo, eles sabem que o valor do TikTok não estava nas ações da empresa, mas sim na capacidade de transformar momentos banais em fenômenos culturais.

São 170 milhões de usuários que valem muito para qualquer plataforma.

Quem sabe o TikTok volta como um herói em um terceiro ato de filme, trazendo novos filtros e desafios ainda mais insanos para as dancinhas esquisitas.

Qu talvez seja apensas substituído por algo ainda mais viciante. Porque, no fim, se há uma coisa que humanos sabem fazer é encontrar novas formas de procrastinar.

 

Via The Verge


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