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A Invenção de Hugo Cabret: Scorsese conseguiu de novo. Uma linda homenagem ao cinema

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“Basta você olhar o que acontece ao seu redor”.

Em plena semana do Oscar, eu decidi cumprir com o meu objetivo de ficar bem longe do Carnaval, e fui ao cinema com minha esposa para ver um dos principais indicados, “A Invenção de Hugo Cabret”, filme de Martin Scorsese, indicado em 11 categorias na premiação de domingo. E vou dizer para vocês: fez jus a todas elas. E como é bom ver um filme excelente no cinema.

Acabei vendo o filme em 2D, porque a pobreza do cinema de Ata City decidiu dar prioridade ao “Motoqueiro Fantasma 2” na sala em 3D. Mas isso não me impediu de extrair o melhor da experiência cinematográfica do filme. E, repito: que filme! Uma estética visual impecável, que é a marca registrada de Scorsese, com elementos gráficos bem integrados na tela. Talvez um ou outro elemento gráfico não atingiu o resultado esperado, mas no que era o mais importante, que era a recriação do ambiente do início do século passado, e do processo de criação de filmes de época, tudo foi perfeito.

Tão perfeito que o garotinho sentado ao meu lado na sala de cinema (que estava recheada de crianças e seus respectivos pais) se interessou mais pelos filmes antigos, e pelo seu processo de criação. Ou seja, parte do objetivo alcançado, Scorsese!

Aqueles que não gostam de filmes melosos, ou histórias que fazem chorar, é melhor nem chegar perto de “Hugo Cabret”. Agora, se você precisa relembrar de certas lições básicas da vida, assista. Durante o filme, você recebe alguns “pequenos toques” do que é realmente importante nessa vida. Família, a importância dos pais na vida, o porquê de certas coisas acontecerem no nosso tempo, e principalmente: qual é o nosso papel na grande engrenagem da vida. Muito mais do que concluir um robô que seu pai encontrou em um antigo museu e começou a consertar, Hugo Cabret buscava se encontrar. Entender por que ele tinha que concluir aquilo. O desejo de consertar o mundo, de se encontrar, de não ficar sozinho.

Todo ser humano passa por esses questionamentos em algum momento, e tende a se perder no meio do caminho. E o filme mostra claramente que, se você tem um objetivo na vida, você não se perde. O destino se encarrega de fazer os devidos ajustes na sua trajetória, até você chegar ao objetivo final que, muitas vezes, é bem diferente do propósito inicial. No filme, também identificamos como ações simples podem mudar a vida das pessoas. Você pode não saber exatamente por que está naquela jornada, mas sabe que tem que chegar a algum lugar. E cada pequena ação pode ser decisiva no processo. Uma flor na lapela, um cachorrinho para fazer companhia, uma seção de cinema.

O cinema. Esse é o grande astro de “A Invenção de Hugo Cabret”.

Scorsese fez questão de mostrar ao público não apenas como o cinema começou, mas o impacto que teve na sociedade na época, e porque outras pessoas começaram a fazer cinema. Muitas mentes criativas se apaixonaram pela invenção dos irmãos Lumiére, e usaram dessa paixão para criar a magia do cinema, com soluções simples e criativas. As mesmas engrenagens que incentivaram Hugo Cabret a completar o robô, motivaram pessoas criativas e inventivas a darem os primeiros passos do cinema.

E só consegue se apaixonar quem ainda consegue sonhar.

“A Invenção de Hugo Cabret” também nos lembra que os sonhos não morrem com a idade. Os mais velhos (ou experientes, ou idosos, ou “a galera da melhor idade”, como preferir) tem a tendência de desistir dos seus sonhos por causa da idade avançada. Eles até afirmam que os sonhos morreram, ficando apenas as lembranças e as saudades. Nada disso. Como tudo nessa vida, os sonhos precisam ser alimentados, motivados, incentivados para que permaneçam vivos. E isso, em qualquer idade. Quem deixa de sonhar, deixa de viver. E a grande “invenção” de Hugo Cabret foi justamente fazer despertar novamente os sonhos esquecidos, ou bloqueados na alma de alguém que já não via em si mais a possibilidade de sonhar.

Só vive quem sonha nesse mundo. #fato.

“A Invenção de Hugo Cabret” é um filme que podemos chamar de “belíssimo”. Uma obra de Scorsese que atinge o seu objetivo principal, de mostrar ao mundo um pouco dos seus próprios sonhos e desejos ao fazer cinema. Me transportou aos tempos de criança, onde eu mesmo desmontava os brinquedos para tentar descobrir como eles eram feitos. Na verdade, o que eu não percebia era que, secretamente, cada criança já buscava uma forma de “consertar” o mundo, tornando melhor o que estava ao seu redor. E a grande beleza disso tudo é descobrir que cada peça tem a sua função, o seu encaixe, e que, quando menos você espera, você vai encontrar aquela chave, que faz tudo ter sentido. Metade da sala (principalmente os pais, que levaram os seus filhos), saíram chorando e/ou fungando o nariz ao término da seção.

Inclusive este, que escreve esse post.

P.S.: Scorsese é um milagreiro. O cara é tão bom, que conseguiu fazer Sacha Baron Cohen (sim, amigos… o Borat, o Bruno, o Ali G) interpretar um ser humano (quase) normal! Ele está simplesmente… um ser humano normal nesse filme! Milagre!


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