A democratização da inteligência artificial, que sai das grandes corporações para se tornar acessível para qualquer pessoa com computador ou smartphone, é uma enorme mudança de paradigma na tecnologia.
Hoje, um espectro muito mais amplo de pessoas pode interagir e utilizar ferramentas baseadas em IA no cotidiano, e isso está deixando a vida de todo mundo mais prática, economizando tempo para outras atividades.
Mas é claro que existe o outro lado da moeda. Por causa da IA, estamos ficando, de certo modo, mais burros e dependentes. Estamos perdendo autonomia em determinados campos da vida, o que pode ser prejudicial a médio e longo prazos.
Potencial positivo e o lado sombrio
Ao tornar essa tecnologia de inteligência artificial acessível a todos, um número muito maior de pessoas de diferentes segmentos da sociedade pode se beneficiar de suas vantagens, o que aumenta também a igualdade de oportunidades.
Além disso, a IA tem o poder de simplificar inúmeras tarefas e processos, facilitando a vida das pessoas em diversos aspectos, desde a automatização de tarefas rotineiras até o acesso a informações e soluções de forma mais rápida e eficiente.
Por outro lado, toda essa facilidade e onipresença da IA podem levar a uma dependência excessiva, com consequências diretas para nossas habilidades cognitivas.
Um dos maiores temores é que essa dependência possa atrofiar nosso pensamento crítico, uma faculdade essencial para a tomada de decisões informadas, a resolução de problemas complexos e a inovação.
A longo prazo, essa atrofia do pensamento crítico pode ter implicações profundas para o desenvolvimento individual e para a sociedade como um todo.
Estudos preocupantes confirmam essa tendência
Um estudo realizado por pesquisadores da Microsoft em colaboração com a Carnegie Mellon University fornece evidências concretas para essas preocupações.
A pesquisa revelou que trabalhadores que utilizam IA em suas rotinas por um período prolongado tendem a apresentar dificuldades em lidar com problemas que exigem um raciocínio mais analítico.
Em contraste, aqueles que não dependem tanto da IA demonstram maior confiança e facilidade em resolver os mesmos tipos de problemas.
Os resultados do estudo reforçam o que alguns especialistas chamam de “ironia da automação”: ao mesmo tempo em que a IA nos auxilia em tarefas rotineiras, ela pode também nos privar das oportunidades de exercitar e fortalecer nossas capacidades cognitivas.
O estudo e relatos de usuários apontam para um problema ainda mais profundo: a perda de motivação para desenvolver e utilizar habilidades de pensamento crítico e criativo devido à dependência da IA.
Quando a IA se torna a principal ferramenta para pensar e resolver problemas, a necessidade e o incentivo para o esforço mental e a criatividade humana podem diminuir drasticamente.
A desmotivação pode gerar um ciclo vicioso, onde a menor prática leva a uma menor capacidade, reforçando a dependência da tecnologia e acelerando a atrofia cognitiva.
Não sabemos o que realmente vai acontecer no futuro, e os estudos de presente revelam tendências. Mas se já temos uma grande massa de pessoas com problemas para raciocinar ou para serem criativos, pense em como o futuro é assustador.
A possibilidade de o pensamento crítico se tornar uma habilidade subutilizada ou um “eco de um passado melhor”, é alarmante.
Será que podemos fazer alguma coisa para mitigar os efeitos negativos da IA para preservar nossas faculdades cognitivas essenciais?
Ou estamos condenados ao caminho inevitável da dependência dos chatbots?