Fui convencido (ou melhor, me convenceram) que o formato digital era o futuro, e fui abandonando as mídias físicas com o passar do tempo. Mas fiz isso sem imaginar na armadilha que o mercado estava armando, já que o controle das produtoras de conteúdo sobre a propriedade desse material é muito maior agora.
O “dividir par conquistar” só deu certo para as plataformas e, mesmo assim, é um sucesso relativo quando testemunhamos que vários desses serviços estão lutando para sobreviver, pois a atenção do espectador também ficou fragmentada.
O cansaço que sinto com tantas assinaturas está acabando com a experiência de uso de muita gente. O esgotamento com múltiplas plataformas e serviços é algo tão evidente (ainda mais com várias assinaturas para pagar) resultou em um efeito colateral que antes era visto como algo surreal: a volta da mídia física.
A desintegração do modelo de streaming
A ideia de pagar uma taxa fixa para acessar conteúdo ilimitado era um sonho infantil, realizado inicialmente por plataformas como Spotify e Netflix.
O problema aqui é que o tempo passou, e a fragmentação dos direitos de conteúdo aconteceu, especialmente em filmes e séries, já que muitas empresas entenderam que o melhor era oferecer o próprio conteúdo de forma exclusiva.
E isso deixou TODOS OS SERVIÇOS DE STREAMING muito piores e mais caros, dificultando a vida dos assinantes.
O problema é bem mais acentuado nas plataformas de streaming de séries e filmes. O Spotify e o YouTube Music são serviços que oferecem praticamente todo o catálogo musical do planeta, sem sofrer da fragmentação das plataformas de vídeos.
Não dá para encontrar todo o conteúdo em uma única plataforma e, em alguns casos, todo o conteúdo de uma única série ou franquia de filmes não está concentrado em um único serviço, obrigando o consumidor a pagar uma quantia enorme de dinheiro.
E tudo isso está motivando a volta do consumo desses conteúdos em formato físico, forçando inclusive a indústria a rever algumas decisões.
Reconsideração do formato físico
A volta do consumo de conteúdo no formato físico é uma alternativa para evitar pagar caro por várias assinaturas. A compra de Blu-rays, discos de vinil e até mesmo os quadrinhos físicos está aumentando gradativamente, resgatando o valor de ser proprietário de algo que comprou, sem exigir o pagamento de uma mensalidade para não ser dono de algo.
Com uma variedade de aplicativos para entretenimento como Amazon Prime Video, Netflix, Disney+ e outros, todos estão sobrecarregados e saturados de tanto conteúdo que não nos pertence.
Logo… vale a pena manter tantos serviços ativos simultaneamente?
Com tantas plataformas, é importante priorizar alguns serviços para assistir aos conteúdos de maior interesse, cancelando ou rotacionando assinaturas de streaming para reduzir custos.
Muitos hoje estão mantendo apenas as plataformas em períodos específicos, aproveitando as estreias de séries e filmes.
O Caso Spotify e o impasse do compartilhamento familiar
O fim do compartilhamento de senhas é mais um fator complicador nessa equação.
Um exemplo disso é o plano familiar do Spotify, que permite o compartilhamento do serviço entre os membros da família, mas não entre amigos que não vivem na mesma casa.
Praticamente todas as plataformas de streaming abraçaram a mesma estratégia, o que foi encarado pelos assinantes como um “tapa de formigueiro”.
Muito se comenta que os streamings de vídeo fazem exatamente a mesma coisa, e em como desistiram de manter os serviços após o fim do compartilhamento de senhas.
Para muitos, buscar itens em loja de segunda mão é uma forma tangível de consumo e economia. Sem falar na satisfação pessoal de recuperar a experiência em “caçar” conteúdos específicos, tal e como todo mundo fazia no passado.
Hoje, é impossível assinar todos os serviços de streaming disponíveis, e esse modelo de assinaturas pode não ser sustentável a longo prazo.
Mas parece que as plataformas ainda não concluíram isso, pois preferem pesar a mão nos aumentos de preços e na publicidade em nome da lucratividade.
Isso não vai dar certo.