Você está em | Home | Notícias | A “arregada” de Trump alivia Apple e NVIDIA

A “arregada” de Trump alivia Apple e NVIDIA

Compartilhe

Donald Trump “deu uma arregada”, por assim dizer.

A Casa Branca informou ontem (12) que a gestão de Trump decidiu excluir os produtos de tecnologia de consumo das sobretaxas comerciais, o que beneficia de forma direta empresas norte-americanas gigantes do setor como Apple e Nvidia.

A medida é um recuo estratégico na guerra comercial contra a China, enquanto os fabricantes ganham fôlego para reorganizar cadeias produtivas.

A administração Trump recuou parcialmente em sua ofensiva tarifária contra produtos importados ao isentar smartphones, computadores e outros dispositivos eletrônicos das novas sobretaxas comerciais, incluindo a tarifa adicional de 125% imposta à China.

A decisão, divulgada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP), representa um alívio temporário para o setor de tecnologia, fortemente dependente da fabricação asiática.

De acordo com comunicado oficial, dispositivos como smartphones, laptops, processadores, chips de memória e semicondutores não enfrentarão o imposto global de 10% aplicado à maior parte das importações nem a sobretaxa de 125% direcionada especificamente aos produtos chineses. A medida é retroativa a 5 de abril, anulando os efeitos das tarifas anunciadas anteriormente sobre esses itens.

 

Indústria respira aliviada, mas incertezas persistem

O setor tecnológico recebeu a notícia com otimismo cauteloso. Gigantes como Apple e Nvidia, que mantêm parte significativa de sua produção na China, figuravam entre as empresas mais vulneráveis às novas tarifas.

Semanas antes do anúncio, a Apple teria fretado aeronaves para transportar cerca de 600 toneladas de iPhones da Índia para os Estados Unidos, numa corrida contra o relógio para evitar as sobretaxas iminentes.

“Esta é uma vitória para os consumidores americanos, que teriam arcado com aumentos substanciais nos preços de produtos essenciais”, comentou um especialista em comércio internacional que preferiu não se identificar. “No entanto, a volatilidade das decisões da Casa Branca mantém o mercado em constante estado de alerta.”

Apesar do recuo, a Casa Branca mantém o discurso protecionista. Em comunicado, o secretário de imprensa reforçou que “o presidente Trump deixou claro que os Estados Unidos não podem depender da China para fabricar tecnologias críticas como semicondutores, chips, smartphones e laptops”.

A medida seria, portanto, temporária, visando conceder às empresas americanas tempo para relocalizarem suas operações.

 

Outras tarifas seguem em vigor

É importante ressaltar que os produtos eletrônicos não foram completamente liberados de obrigações fiscais. Conforme esclarecido pela Bloomberg, esses itens continuam sujeitos a uma taxa de 20% aplicada para pressionar Pequim a combater o tráfico de fentanil, além de outras tarifas que precedem o atual mandato de Trump.

A decisão surge após a polêmica “pausa de 90 dias” nas tarifas mais altas para a maioria dos países, enquanto a China permaneceu como alvo principal com uma taxa total de 145%. O cenário evidencia a complexidade e as contradições da política comercial da atual administração.

 

Impactos já sentidos no mercado

Antes mesmo da isenção, algumas empresas já haviam incorporado as expectativas de tarifas em suas estratégias de precificação.

A Sony aparentemente elevou os preços de suas televisões mais recentes no mercado americano, enquanto a OnePlus aumentou os valores de seus smartwatches sem explicação oficial.

Outras companhias adotaram postura mais cautelosa. A Nintendo, por exemplo, adiou as pré-vendas do Switch 2 nos Estados Unidos, embora tenha mantido o preço anunciado de US$449,99.

O episódio revela como a instabilidade na política comercial afeta diretamente as decisões corporativas e, consequentemente, os preços para o consumidor final. Analistas apontam que, mesmo com a isenção atual, o mercado permanece receoso quanto a possíveis reversões ou novas medidas protecionistas no futuro.

 

A guerra comercial continua

Para especialistas em comércio internacional, a isenção não representa o fim da guerra comercial, mas sim um ajuste tático. “Trump está jogando xadrez, não damas”, avalia o economista Mark Thompson, da Universidade da Califórnia. “A pressão sobre a China continua, apenas de forma mais direcionada.”

A resposta chinesa às medidas americanas segue sendo uma incógnita. Representantes do governo chinês já haviam classificado as tarifas anteriores como uma “piada”, mas as consequências práticas para as relações comerciais entre as duas potências ainda estão por vir.

Enquanto isso, os fabricantes de tecnologia ganham tempo precioso para diversificar suas operações e reduzir a dependência da China, exatamente como deseja a administração Trump.

O que resta saber é se esse tempo será suficiente e se o mercado conseguirá se adaptar antes de uma nova reviravolta na política comercial americana.

 

Via Bloomberg


Compartilhe