O mercado de smartphones registrou uma queda de 3% nas vendas no último trimestre de 2024, mas o impacto foi muito maior nos dispositivos mais acessíveis.
Sério: não existem smartphones baratos no mercado, e ao redor do mundo, o volume de vendas de telefones que custam até US$ 600 sofreram uma redução de 20%.
Os telefones abaixo de US$ 300 foram os mais afetados nessa queda de comercialização de produtos, o que liga um sinal amarelo para todas as marcas.
O aumento contínuo dos preços, combinado a uma estagnação na inovação dos celulares de entrada desestimula os consumidores a trocarem de aparelho com a mesma frequência.
Com a inflação pressionando os orçamentos, muitos usuários preferem prolongar a vida útil de seus dispositivos, o que se reflete na desaceleração do segmento de baixo custo.
Mas outros fatores ajudam a explicar a queda nas vendas dos telefones mais baratos. E neste artigo, vou explicar os cinco motivos para isso estar acontecendo neste exato momento.
Consumidores estendem o uso dos dispositivos atuais
A tendência de manter os celulares por mais tempo é cada vez mais evidente, principalmente entre aqueles que antes investiam em modelos intermediários e de entrada.
Para esse público, a troca constante de smartphone deixou de ser uma prioridade, já que a diferença entre um aparelho novo e um de geração anterior nem sempre é significativa.
É um comportamento que também está relacionado ao fato de que as atualizações de software têm se tornado mais longevas, permitindo que modelos antigos continuem funcionais por vários anos.
Agora, combine tudo isso com a ausência de inovações relevantes na faixa de preço mais baixa, e temos a tempestade perfeita para que a grande maioria permaneça onde está, utilizando os smartphones atuais por muito mais tempo.
O mercado de segunda mão está ganhando força
Enquanto os smartphones novos de baixo custo perdem espaço nas vendas, o mercado de dispositivos recondicionados e de segunda mão se fortalece.
Um dos grandes responsáveis por essa movimentação é a geração Z, que tem demonstrado uma preferência em comprar um iPhone usado em vez de modelos Android baratos.
A durabilidade dos smartphones da Apple, o longo suporte para atualizações de software e o status que a marca carrega torna um iPhone recondicionado um telefone muito mais atraente para um grande grupo com um relevante poder de compra.
Assim, muitos consumidores que antes comprariam um smartphone novo de entrada agora optam por um modelo premium de segunda mão.
E a roda da obsolescência programada que pare de girar à força, se necessário.
Os smartphones premium seguem vendendo bem
Em um movimento oposto ao dos dispositivos mais baratos, os smartphones de alta gama registraram um crescimento de 4% nas vendas no mesmo período, o que também ajuda a explicar a estagnação dos telefones mais baratos.
Muitos usuários preferem pagar a mais para ter um smartphone premium ou top de linha do que ter um dispositivo de entrada, mais limitado e com preço relativamente elevado.
Modelos como o iPhone 16 e a família Google Pixel 9 conseguiram um desempenho positivo em diferentes mercados globais, mesmo em um cenário econômico complexo em muitos países.
O crescimento nas vendas dessas séries está ligado ao perfil de consumidores que valorizam desempenho, câmera e suporte prolongado. Mesmo diante de preços elevados, esses consumidores continuam investindo em produtos de ponta.
O mercado está polarizado nesse momento. Ou você compra um telefone top de linha ou premium, ou compra um dispofsitivo de entrada de baixo custo.
No meio do caminho, os smartphones intermediários perdem relevância. E se os telefones top de linha registram aumento em vendas, os modelos de entrada são deixados de lado pelo consumidor.
As promoções agressivas que impulsionam os dispositivos mais caros
Um fator determinante para o crescimento dos smartphones premium foi a estratégia das operadoras e fabricantes, que investiram em descontos e ofertas combinadas, especialmente durante a temporada de festas de final de ano.
Os incentivos fiscais facilitaram o acesso a modelos de ponta para um público mais amplo, tornando a compra desses dispositivos mais atrativa.
Por outro lado, os smartphones de entrada sofreram com essa estratégia, pois não costumam receber as mesmas promoções. Um ou outro modelo recebem preços reduzidos, mas não chegam perto de contarem com os mesmos descontos aplicados aos modelos top de linha ou premium.
Com esse cenário, muitos consumidores acabam optando por adquirir um smartphone mais caro, aproveitando condições especiais de parcelamento e financiamento.
Um cenário em 2025 incerto, mas promissor
O segmento de smartphones de entrada está em queda livre nas vendas, e isso é fato. Porém, analistas de mercado, fabricantes e operadoras mantêm uma visão otimista para 2025.
A expectativa é que os ciclos de substituição de dispositivos voltem a acelerar, estimulando a compra de novos aparelhos. O único problema aqui é a tendência de valorização dos modelos premium, que deve ser uma constante com baterias maiores, processadores mais potentes e propostas de design inovadoras.
Se essa previsão se confirmar, o futuro do mercado pode ser marcado por uma predominância de dispositivos mais caros, com os consumidores buscando maior durabilidade e melhor experiência de uso.
E a vida de quem só quer ter um smartphone básico para mandar e receber mensagens, usar como segundo telefone ou até mesmo tocar o seu negócio com o recebimento de pagamentos fica cada vez mais complicada.
Mais uma vez, o mercado tenta estabelecer as regras do jogo. E, neste caso, tirando uma opção do cliente que precisa do “celular do pix” para ter um pouco mais de tranquilidade na vida.
Via Android Authority, Counterpoint Research