Beyoncé Giselle Knowles-Carter finalmente tem um Grammy de Álbum do Ano para chamar de seu, após mais de duas décadas de carreira consolidada e algumas injustiças no meio do caminho.
Cowboy Carter conquistou o cobiçado AOTY (Album of the Year), consolidando Beyoncé como a artista mais influente de sua geração. Desde o início de sua carreira solo, a cantora lançou álbuns inovadores, mas nunca havia sido reconhecida na principal categoria da premiação.
Além do marco pessoal, Beyoncé faz uma reparação histórica. Dela mesma, pois a indústria da música negligenciou por anos sua importância na construção de cultura pop, ignorando sua habilidade em redefinir gêneros, e até mesmo da música country que, originalmente, foi criada por negros e latinos.
Neste artigo, mostro cinco fatos que tornam a conquista de Beyoncé algo histórico aos olhos do mundo.
E… muito em particular… eu previ que isso iria acontecer, com nove meses de antecedência.
A homenagem a Linda Martell
No momento de sua vitória, Beyoncé subiu ao palco acompanhada de sua filha, Blue Ivy, tornando a ocasião ainda mais simbólica e emocionante.
Chorando, a artista agradeceu pelo reconhecimento de seu trabalho, e dedicou o prêmio à lenda do country Linda Martell, uma das primeiras mulheres negras a conquistar espaço no gênero.
A homenagem reforçou a importância de abrir portas para artistas que, assim como ela, enfrentaram barreiras por questões raciais e de gênero.
Beyoncé também destacou no seu breve discurso de agradecimento que a indústria musical ainda tem muito a evoluir para garantir maior representatividade e reconhecimento a artistas negros em espaços tradicionalmente dominados por brancos.
Os nomes que Beyoncé superou em 2025
Na disputa pelo Álbum do Ano, Beyoncé venceu artistas de peso como Taylor Swift, Billie Eilish, Charli XCX, André 3000, Sabrina Carpenter e Jacob Collier.
Cowboy Carter superou lançamentos que também foram amplamente elogiados pela crítica, com popularidade inquestionável. Mas a vitória de um disco de country por uma artista negra consolidou a visão artística da cantora como algo inegavelmente poderoso e transformador.
A vitória confirma como Beyoncé é capaz de transcender gêneros e explorar novas sonoridades, algo que já havia sido evidente em álbuns anteriores, mas que só agora recebeu o evido reconhecimento pela Academia de Gravação.
O histórico problemático do Grammy com Beyoncé
Apesar de ser a artista mais premiada da história do Grammy, com 32 estatuetas, Beyoncé só havia levado para casa um prêmio das categorias principais antes de 2024: Canção do Ano por Single Ladies (Put a Ring on It) em 2010.
A desconexão entre sua relevância juntou ao público e entre outros artistas que vieram depois dela e os prêmios conquistados sempre gerou controvérsias. No ano anterior, Jay-Z criticou abertamente essa disparidade, argumentando que os critérios da premiação não faziam sentido, pois sua esposa acumulava mais Grammys do que qualquer outro artista, mas nunca havia recebido o maior reconhecimento da premiação, o Álbum do Ano.
A vitória de Cowboy Carter marca uma mudança, uma quebra de paradigma sem precedentes na história do Grammys. Porém, a pergunta permanece: por que isso demorou tanto para acontecer?
Para ser mais preciso: no total, Beyoncé acumulou 99 indicações ao Grammys para só agora conquistar a honraria máxima. Algo difícil de se explicar para uma artista do seu quilate.
A jornada recordista no Grammy 2025
Com as indicações de 2025, Beyoncé quebrou mais um recorde, tornando-se a artista mais indicada na história do Grammy.
Além do Álbum do Ano, ela foi lembrada em outras 10 categorias, incluindo Melhor Álbum Country e Melhor Canção Country por Texas Hold ‘Em. O reconhecimento nesse gênero musical foi uma batalha vencida por Beyoncé, que enfrentou resistência dentro do meio.
Algumas rádios country norte-americanas simplesmente se recusavam a tocar as músicas de Cowboy Carter, por considerarem Beyoncé “uma artista de hip-hop”, dando a entender que o seu lugar não era ali.
Ao vencer duas categorias dentro desse segmento, ela provou que seu impacto vai além do pop e do R&B, consolidando de vez o seu nome como uma das mais versáteis e inovadoras artistas da história.
O reconhecimento tardio para uma revolucionária
Ao longo de sua carreira, Beyoncé revolucionou a indústria com álbuns que eram muito diferentes de tudo o que era apresentado naquele momento como qualidade musical por excelência.
Lemonade (2016) e Renaissance (2022) são apenas dois ótimos exemplos de como Beyoncé sempre foi alguém fora da curva. Cada álbum traz uma proposta artística única, mas sempre influenciando a música contemporânea que temos hoje.
Foi a fusão dessas experiências em Cowboy Carter que finalmente fez a Academia de Gravação reconhecer sua maestria no formato de álbum. O disco celebra a cultura country e, ao mesmo tempo, desafia as estruturas tradicionais do gênero.
A vitória de Beyoncé em Álbum do Ano no Grammys pode parecer tardia, mas finalmente a solidifica como uma das artistas mais importantes e inovadoras de todos os tempos, de forma absoluta e incontestável.
A partir de agora, Beyoncé não será categorizada ou rotulada por estilos musicais.
A partir de agora, Beyoncé é… Beyoncé. Simples assim.
Via Rolling Stone, The Hollywood Reporter